Pastor da igreja de Milton Ribeiro foi perseguido por ser considerado “comunista”

Antes de ser afastado, ele recebeu um ''aviso'' para abandonar ''posições esquerdistas''

Atualizado em 29 de julho de 2022 às 22:58
Bolsonaro é apoiado pelos presbiterianos  Reprodução

O pastor Flávio Macedo Pinheiro, presbítero da Igreja Presbiteriana do Brasil, foi afastado de sua funções em fevereiro de 2021 após criticar o presidente Jair Bolsonaro (PL). Ele defendeu a  igualdade de gêneros, falou em direitos para a comunidade GLBT, abordou a descriminalização tanto do aborto quanto da maconha e divulgou um evento do PSOL sobre Paulo Freire.

Um ano e dois meses antes, ele havia recebido uma advertência de um dos líderes de sua igreja no país, reverendo Ageu Magalhães:  “Ou você muda teu pensamento, abandonando as posições esquerdistas e todo o conteúdo marxista cultural que vem com elas, ou você deve, diante de Deus, renunciar ao Presbiterato. Esta relação está altamente incompatível.”

Tal decisão foi revertida pela última instância da igreja por “erros processuais”. O caso, revelado pelo Estadão, expõe a perseguição imposta por uma das mais tradicionais igrejas evangélicas a opositores do governo de Jair Bolsonaro (PL).

Agora, a orientação pode se tornar oficial com a aprovação de uma resolução do Supremo Concílio, órgão máximo de decisão da igreja, ainda nesta semana. A minuta da resolução indica que os pastores devem orientar os fiéis a se afastarem da “nefasta influência do pensamento de esquerda”.

Nos bastidores, a Igreja Presbiteriana do Brasil, uma das maiores instituições evangélicas do país, quer fazer seus pastores orientarem fiéis contra o “comunismo” e a “nefasta influência do pensamento de esquerda”. A ideia da igreja é promover uma campanha contra o espectro político e apoiar a reeleição de Jair Bolsonaro. A informação é do Estadão.

Em culto realizado em Londrina (PR) no início deste mês, o pastor Osni Ferreira deixou clara qual a posição da igreja em relação às eleições deste ano. “Nós temos que reeleger Bolsonaro, irmãos, não há outro caminho. Olha a América do Sul inteira”, afirmou o religioso.

“Eu fico triste porque a igreja não é para isso. A igreja não deveria usar o púlpito para defender nem quem é de esquerda nem quem é de direita. A política é menos importante, há temas muito mais importantes para tratar”, diz o teólogo, hoje fora de qualquer cargo de liderança na IPB e que critica abertamente o governo Bolsonaro em suas redes sociais.

Milton Ribeiro, ex-ministro da Educação, recentemente preso durante a investigação de um esquema paralelo que aponta para a existência de um gabinete paralelo na pasta dominado por pastores, é um dos nomes mais influentes da Igreja Presbiteriana.

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