Pastor Everaldo e seus amigos: tirou foto com todo mundo, mas suas bandeiras sempre foram as da extrema direita

Atualizado em 29 de agosto de 2020 às 11:20
Bolsonaro com pastor Everaldo e Eduardo Cunha

Uma foto tirada em 2016, na qual aparecem juntos o pastor Everaldo com Eduardo Cunha e Jair Bolsonaro. voltou a circular na internet.

Mostra a amizade de Everaldo, líder da Igreja Assembleia de Deus, com políticos da direita e extrema direita.

Everaldo, presidente do PSC, tem foto até com Lula, quando era presidente, e o partido dele já fez aliança com o PT no passado.

Portanto, fotos não significam nada.

Mas é inegável que Everaldo sempre se deu bem na direita e extrema direita.

Basta ver a campanha dele a presidente em 2014, quando defendia privatização selvagem, o mesmo ideário que agora é seguido por Jair Bolsonaro.

Naquele eleição, Everaldo teve apenas 0,75% dos votos e serviu como linha auxiliar de Aécio Neves, candidato pelo PSDB, que, juntamente com a Lava Jato, serviu de maçaneta para Jair Bolsonaro assumir protagonismo no cenário político.

Everaldo deve ser analisado não pelas fotos que tirou, mas pelas ideias que sempre defendeu e pela prática política.

E elas são reveladoras. Ao mesmo tempo em que defendia pauta de costumes, como a pregação contra homossexualidade e a prostituição, além dos “valores da família”, ele assaltava os cofres públicos, segundo denúncias.

O ex-presidente nacional do PSC Jorge Abdala Nósseis foi o primeiro a acusá-lo da prática de rachadinha. Assessores de deputados eleitos pelo partido e indicados para cargos por ele seriam obrigados a repassar parte do salário.

Nósseis também disse que Everaldo teria recebido dinheiro público de políticos e empresas condenadas na Lava-Jato, fato corroborado por investigados.

O ex-diretor da Odebrecht Ambiental Fernando Reis afirmou que a empreiteira repassou em 2014, via caixa dois, R$ 6 milhões ao pastor, então candidato à Presidência.

Em troca, o pastor tinha que fazer perguntas “simples e inócuas” a Aécio Neves, que concorria ao cargo pelo PSDB e tinha o apoio da Odebrecht.

O delator contou também que foi apresentado a Everaldo por Eduardo Cunha, seu colega de púlpito na Assembleia de Deus — ministério de Madureira.

Everaldo era próximo de Cunha desde 1999, quando Garotinho assumiu o governo do Rio de Janeiro e abrigou os dois, Cunha com cargo na Cohab e Everaldo como subchefe do Gabinete Civil.

Ambos também transitavam na Cedae, a empresa de água e saneamento.

Nas imagens captadas ontem quando chegou preso à Polícia Federal, tinha expressão resignada.

Sua origem é modesta. Começou a vida como vendedor de vasos de planta em uma feira em Acari, na Zona Norte do Rio. Já vendeu bananas, foi servente de pedreiro e office boy.

No fim da década de 1970, entrou para o ramo de seguros e, em 1992, se tornou proprietário da Edp de Seguros, com capital social de R$ 52 mil, que atua na área de corretagem, agenciamento e plano de previdência complementar.

Seus sócios são Filipe de Almeida, seu filho, e Laércio de Almeida Pereira, seu irmão. Laércio foi candidato a suplente de Everaldo, que, em 2018, teve 2,58% dos votos na eleição para o Senado.

Em 2018, Everaldo declarou ter R$ 268.272 reais; em 2014, R$ 121.391. Só o apartamento em que ele foi preso, no Recreio dos Bandeirantes, vale pelo menos 20 vezes o patrimônio declarado.

Assim como Cunha e Flordelis, Everaldo é mais um que sai pela tampa do bueiro removida pelos escândalos protagonizados por lideranças evangélicas que, em nome de Deus, acumularam riqueza e poder.