Pastor favorável à posse de armas é criticado por defender o que Cristo rejeitaria

Atualizado em 16 de março de 2019 às 12:20
Marco Feliciano e o cristo dele

Na semana em que se lembrou um ano da morte de Marielle Franco, voltou a circular com força na internet a foto do pastor Marcos Feliciano em que aparece fazendo o gesto com arma na mão.

Feliciano, logo depois da morte de Marielle, deu uma declaração à rádio Jovem Pan em que, como pai de família, lamentava o assassinato da vereadora, mas dizia que ela não era líder de nada.

No mesmo programa, ele disse que esquerdista demora a morrer porque a bala de uma arma não encontra o cérebro da vítima, que é do “tamanho de uma ervilha”.

Nos comentários contrários a Feliciano, que viralizam na internet, se lembra de um versículo bíblico (Mateus 5,9) que contém uma frase atribuída a Cristo, em que diz:

“Bem-aventurados os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus”.

Feliciano se apresenta como o oposto do sentido desse frase, um dos pilares do Cristianismo, e seus discursos são um estímulo à violência.

Aliado da bancada da bala, ele declarou que é favorável ao porte de armas.

Um repórter do programa Morning Show (Jovem Pan), Cláudio Tognolli, perguntou a ele o que achava da medida proposta por Bolsonaro, “sendo o senhor um religioso, e o Cristianismo propugna a paz antes de mais nada”.

O pastor riu — hahahahahah — e começa a discorrer:

“O cidadão portar armas na rua, eu sou totalmente contrário. Mas um homem ter uma arma em casa, para poder defender a sua família, eu sou aberto a apoiar. E explico. O senhor citou há pouco aqui o massacre dos judeus. Como é que a pessoa consegue matar 6 milhões de pessoas? Tudo começou com o desarmamento.”

É o mesmo argumento de Olavo de Carvalho e de Jair Bolsonaro, lembrou o repórter.

“É a história”, respondeu o pastor. “Stálin fez isso, Hitler fez isso. É história”, acrescentou. E passou a atacar o jornalista:

“Quando eu te chamo de pseudo intelectual, é só por isso. Você não tem argumento. É história.”

É uma meia-verdade o que o pastor diz.

Hitler era absolutamente favorável ao porte de armas, mas desde que este fosse exclusivo daqueles que pensavam como ele, ou seja, a extrema direita alemã.

Na União Soviética sob Stálin, o acesso a armas era restrito.

Mas é uma tremenda ingenuidade imaginar que, se houvesse armas em poder dos cidadãos comuns, estes teriam condições de enfrentar o Exército Vermelho.

O argumento usado por Feliciano saiu da forja dos fabricantes de armas nos Estados Unidos, incorporado pela bancada da bala no Brasil, em que se faz presente a turma da Bíblia.

Feliciano serve a um senhor, o senhor das armas.