“Pátria amada não é pátria armada”: o arcebispo Orlando Brandes, de Aparecida, é o anti-Malafaia

Atualizado em 12 de outubro de 2021 às 16:53
Bolsonaro cumprimenta o arcebispo Orlando Brandes na missa de Nossa Senhora Aparecida
(foto: Marcos Correa)

Está lá em Coríntios: “Estejam vigilantes, mantenham-se firmes na fé, sejam homens de coragem, sejam fortes”.

Dom Orlando Brandes é o anti-Malafaia, o anti-Edir Macedo, o anti-Feliciano. Nesta terça, dia 12, o arcebispo de Aparecida mandou uma série de recados para Bolsonaro em seu sermão, sem citar o genocida.

“Para ser pátria amada não pode ser pátria armada”, disse.

“Para ser pátria amada, seja uma pátria sem ódio. Para ser pátria amada, uma república sem mentira e sem fake news. Pátria amada sem corrupção. E pátria amada com fraternidade. Todos irmãos construindo a grande família brasileira”.

“Pátria amada”, como se sabe, é o slogan do governo. 

Em agosto, o presidente chamou de idiota que tem que comprar feijão: “Tem que todo mundo comprar fuzil”, falou.

Brandes lamentou as mais de 600 mil mortes por Covid e defendeu a vacina e a ciência.

“Mãe Aparecida, muito obrigado porque na pandemia a senhora foi consoladora, conselheira, mestra, companheira e guia do povo brasileiro que hoje te agradece de coração porque vacina sim, ciência sim e Nossa Senhora Aparecida junto salvando o povo brasileiro.”

Lembrou dos indígenas e do racismo: “Quero pedir que cada um de nós abrace o Brasil. Abrace o nosso povo. A começar pelo povo mais original, vamos abraçar os nossos índios, primeiro povo dessa terra. Vamos abraçar os negros, que logo vieram fazer parte desta terra. Vamos abraçar os europeus que aqui chegaram.”

A cena ganha em importância diante do fato de que os ministros da Cidadania, João Roma, e da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, estavam presentes. 

Jair Bolsonaro chegou para a missa das 14h. Estava no Guarujá fazendo nada. Leu uma homilia, comungou e participou da consagração da imagem de Nossa Senhora Aparecida.

Ao menos usava máscara.

Ao final, subiu no altar e tirou uma foto com Dom Orlando, que aguentou firme, apesar da visível ojeriza ao homem. 

É esse o cristianismo ou é aquele pregado por pastores picaretas que pregam o ódio e tentam emplacar ministros do STF na base da chantagem?

Em 2020, o religioso catarinense criticou as queimadas em biomas como Amazônia e Pantanal. No ano anterior, detonou o “dragão do tradicionalismo” e ressaltou que a “direita é violenta e injusta”.

Amém, igreja. Sangue de Jesus tem poder.