Patrícia Abravanel não acha os gays normais, mas lucra bastante com eles. Por Sacramento

A herdeira do SBT Patrícia Abravanel acha que o relacionamento amoroso entre pessoas do mesmo sexo “não é coisa normal”, mas parece não se importar com o fato da emissora da família lucrar com o homossexualidade.

Pioneiro no beijo gay em telenovelas, o SBT conquistou bons pontos na audiência graças à carícia entre as personagens Marcela (Luciana Vendramini) e Mariana (Giselle Tigre), da novela “Amor e Revolução”.

O ato anormal, segundo as ideias de Patrícia Abravanel, dobrou a audiência da novela exibida em 2011.

Anos antes, quando Patrícia ainda era uma bebê livre de preconceitos, o SBT conquistava o público com o programa “Qual é a música”, no qual uma das atrações era o dublador andrógino Pablo.

Cheio de trejeitos, exibia-se com maquiagem colorida no rosto, cabelo loiro escovado e trajes repletos de paetês. Naqueles idos dos anos 80, quando Lombardi bajulava o General Figueiredo na semana do presidente, a figura com sexualidade ambígua causava nas tardes de domingo.

O que para Patrícia não é normal, é explorado há anos nos programas humorísticos da emissora, que tem em sua galeria personagens homossexuais clássicos como Vera Verão, interpretada por Jorge Lafond.

É preciso considerar também os inúmeros artistas gays assumidos ou não que deram audiência a programas como “Viva a Noite”, “Domingo Legal” e “Casa dos Artistas”, e o batalhão de funcionários necessários para tocar uma emissora de TV, muitos dos quais são homossexuais.

Sem os gays o SBT simplesmente não existiria.

Não é a primeira vez que um Abravanel faz comentários com teor homofóbico. Semanas atrás, o patriarca Sílvio Santos chamou o ator João Guilherme, contratado pela emissora, de bichinha.

“Na novela, já falei com o chefe da maquiagem para não pintar a boca de vocês como se fossem mulher. De esmaltinho assim parecendo bicha. Agora você está parecendo homem”, disse SS ao ator da novela infanto-juvenil “Cúmplices de um resgate”.

Para amenizar a polêmica provocada pelo comentário seu comentário, feito durante o Programa Sílvio Santos do último domingo, Patrícia Abravanel usou o Instagram para pedir desculpas.

O argumento não poderia ser menos convincente: Patrícia acredita que foi “mal interpretada”.

Ela nem precisava se dar ao trabalho de tentar reparar o erro, porque pelo visto soltar piadas contra os homossexuais não prejudica as finanças do SBT.

Se afetasse os lucros, o patrão Sílvio Santos, exímio na arte de fazer dinheiro, mediria as palavras antes de pensar em chamar um empregado de “bichinha”.

Marcos Sacramento

Marcos Sacramento, capixaba de Vitória, é jornalista. Goleiro mediano no tempo da faculdade, só piorou desde então. Orgulha-se de não saber bater pandeiro nem palmas para programas de TV ruins.

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