
O cantor Paul McCartney intensificou seu protesto contra o uso da inteligência artificial na indústria musical ao lançar uma faixa completamente silenciosa no lado B do LP “Is this what we want?” (É isso que queremos?, em tradução livre). O disco reúne gravações mudas de diversos artistas como forma de denunciar modelos de IA que, segundo músicos, “roubam” propriedade intelectual de criadores reais.
De acordo com o jornal britânico The Guardian, a faixa tem dois minutos e 45 segundos, “praticamente a mesma duração que ‘With a little help from my friends'”. Embora não traga melodias, é a primeira gravação inédita do ex-beatle em cinco anos.
O movimento de McCartney ocorre em meio à crescente mobilização de artistas britânicos contra empresas que utilizam tecnologia para simular vozes, estilos e composições sem autorização. Sam Fender, Kate Bush, Hans Zimmer e Pet Shop Boys estão entre os nomes que passaram a se posicionar publicamente sobre o tema.

Para McCartney, o avanço dessas ferramentas representa uma ameaça direta a novas gerações de criadores. “Temos que ter cuidado com isso, porque pode simplesmente tomar conta de tudo e não queremos que isso aconteça, principalmente para os jovens compositores e escritores para quem pode ser a única maneira de construir uma carreira”, afirmou.
O protesto silencioso marca uma nova frente de atuação do músico, que há décadas defende maior proteção à criatividade humana. O lançamento do LP busca provocar debates sobre o impacto econômico e autoral da IA, já que sistemas têm sido treinados com obras de artistas sem consentimento.
A ação ampliou a pressão por regulamentação no Reino Unido, onde entidades culturais pedem salvaguardas legais para impedir que modelos de IA usem acervos musicais para gerar conteúdos que imitam criações originais. Para muitos artistas, a prática enfraquece o valor de obras legítimas e ameaça a sustentabilidade da profissão.
Além da campanha contra a inteligência artificial, McCartney voltou às manchetes na semana passada ao criticar o cardápio da COP30. Segundo a revista New Music Express, o músico enviou uma carta ao presidente do evento, André Correa do Lago, condenando o fato de a conferência climática não adotar um menu vegano.
Para ele, “servir carne em uma conferência climática é como distribuir cigarros em uma conferência de prevenção ao câncer”.
O documento foi redigido em parceria com a ONG internacional Peta e aponta que a pecuária é responsável por 80% do desmatamento no planeta.
“Peço que o senhor alinhe o cardápio da COP30 com sua missão, tornando-o totalmente vegetariano. Isso reduziria significativamente sua pegada de carbono e o impacto ambiental geral, servindo de exemplo positivo para o mundo”, escreveu McCartney.