Paulo Guedes deve acreditar que os brasileiros são idiotas. Por Fernando Brito

Atualizado em 24 de março de 2020 às 0:01
O MINISTRO DA ECONOMIA PAULO GUEDES (FOTO: CARL DE SOUZA/AFP)

Publicado originalmente no Tijolaço:

Por Fernando Brito

O senhor Paulo Guedes deve acreditar que os brasileiros são idiotas.

Disse a O Globo que o trecho que permite a suspensão de contratos de trabalho por até quatro meses, sem pagamento de salário na medida provisória 927 saiu assim “por um erro de redação”.

Desculpe pela franqueza, sr, Guedes, mas nem se o senhor fosse um analfabeto o texto sairia assim, porque foi lido e relido por seus auxiliares e assessores jurídicos – os do presidente, também – antes de ir à publicação e virar, ainda que fosse por algumas horas, lei.

Era um teste de crueldade, mesmo e vai ser seguido nas próximas medidas.

Agora se fala em pagar dois terços do salário – 33% a empresa e outro tanto o Governo, antecipando o seguro-desemprego.

Quem ganha R$ 2.100 passa a receber R$ 1.400.

70% dos trabalhadores brasileiro recebem menos e R$ 3 mil e, portanto, ficarão com R$ 2 mil para honrar despesas que já não cabiam no orçamento doméstico.

Num mercado retraído, sem compras e sem vendas, mais recessão.

Um desastre.

Mas se for, ministro, por analfabetismo, sugiro que peça a alguém para ler para o senhor o art. 2° das mesma MP “mal redigida”.

Ali se diz que “o empregado e o empregador poderão celebrar acordo individual escrito, a fim de garantir a permanência do vínculo empregatício, que terá preponderância sobre os demais instrumentos normativos, legais e negociais, respeitados os limites estabelecidos na Constituição”.

Ou seja, que o lobo e o cordeiro poderão negociar livremente…

Se o senhor não é capaz de ler coisas tão clara, se não é capaz e entender o que é tirar a remuneração de uma ou uma chefe e família, sr. Guedes, o senhor não presta para ser ministro.

Peça ao “véio da Havan” um emprego de contabilista.

Ao menos o senhor leva aquele sujeito à falência e faz a gente voltar a acreditar que o empresário brasileiro não é um selvagem antRopófago.