Paulo Guedes quer a capitalização da Previdência para enriquecer. Por José Cássio

Atualizado em 29 de junho de 2019 às 11:52
Fora defender a capitalização com unhas e dentes o Posto Ipiranga de Jair pouco apresentou de produtivo até aqui (Daniel Ramalho/AFP)

Passou despercebido do grande público, mas finalmente surgiu alguém para dizer verdades a Paulo Guedes.

Marcelo Ramos (PL-AM), presidente da comissão especial da reforma da Previdência na Câmara, disse que o ministro da Economia de Bolsonaro atua como corretor de negócios na entrega da Previdência.

“Quer usar o sistema de capitalização para enriquecer”, acusou o deputado em entrevista nesta semana ao jornal O Globo. “Como aconteceu com Jorge Zaror, ministro do Orçamento do governo Pinochet que implementou esse tipo de regime no Chile”.

É o mais duro golpe no Posto Ipiranga de Jair desde que assumiu o comando da Economia e praticamente sela o destino da reforma sem o modelo que levou os aposentados do Chile à miséria.

E não ficou só nisso.

Aliado do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, o deputado amazonense definiu a dupla Guedes-Bolsonaro como “diversionistas”.

“Eles não têm agenda para enfrentar o problema estrutural do país. Então o caminho é o diversionismo, falar de tomada de três pinos, de porte de armas, de coisas que tirem a atenção do desastre econômico que são esses primeiros seis meses do governo”.

Paulo Guedes preferiu não comentar as críticas, e Bolsonaro paga os pecados no Japão envolto na vergonha de ter de explicar os 39 quilos de cocaína escondidos por um aspirante militar num dos aviões da Presidência ao mesmo tempo em que se diverte comprando badulaques de nióbio.

De fato, em seis meses, Paulo Guedes e Bolsonaro fizeram de tudo, menos apresentar ideias e soluções para melhorar a vida dos brasileiros.

O desemprego cresceu, o PIB empacou, o consumo diminuiu e a previsão para o segundo semestre é de ainda mais arrocho.

“Guedes, que era um interlocutor respeitado com o Congresso, perdeu isso”, disse Marcelo Ramos. “Eu sou um que não tenho mais nenhum respeito por ele”.

Carlos Bolsonaro tentou sair em defesa do ministro e compartilhou vídeo (assista abaixo) com edição de uma entrevista dada pelo deputado, na qual ele fala do orgulho por ter sido filiado ao PCdoB e ao PSB.

“Eles estão me fazendo um favor. Estão me fazendo um quadro nacional”, disse Ramos, que tem 45 anos, foi vereador em Manaus, deputado estadual e por pouco não chegou à prefeitura da capital amazonense em 2016 – perdeu no segundo turno para o tucano Arthur Virgílio por uma diferença de 130 mil votos.