
O economista Paulo Nogueira Batista Jr., ex-vice-presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (Banco dos Brics), criticou duramente a escolha da venezuelana María Corina Machado como vencedora do Prêmio Nobel da Paz de 2025. Em entrevista à emissora russa RT, ele afirmou que a decisão compromete a credibilidade da premiação e reflete o alinhamento político das instituições europeias e norte-americanas.
“Bem, como eu disse, acho que o Prêmio Nobel da Paz perde credibilidade quando é concedido a uma senhora, uma política, uma líder da oposição na Venezuela, que não tem nenhum mérito para isso. Nenhum mérito para isso”, afirmou o economista. Segundo ele, a escolha ignora causas humanitárias urgentes, como o conflito na Faixa de Gaza.
Nogueira Batista Jr. comparou a situação ao sofrimento da população palestina, que, segundo ele, deveria ter sido lembrada pela premiação. “Em um mundo onde existe Gaza, onde há tantas pessoas lutando contra o genocídio em Gaza — não para elas, mas a elas deveria ser dado o Prêmio da Paz — e, em vez disso, ele é entregue a uma política da Venezuela que, na prática, é controlada por Washington”, completou.
O economista ressaltou que a entrega do prêmio a María Corina Machado reforça uma tendência de politização das decisões do Comitê Norueguês do Nobel, frequentemente acusado de favorecer aliados do Ocidente. Para ele, a escolha demonstra como a premiação se distancia de seus princípios originais e se torna instrumento de propaganda.
“Isso mostra claramente como as instituições europeias, incluindo o Prêmio Nobel, estão sendo completamente desacreditadas pela forma como os europeus as administram”, disse o ex-diretor-executivo do FMI pelo Brasil.
Prêmio Nobel da Paz perdeu credibilidade ao premiar Marina Corina Machado, diz ex-diretor executivo do FMI, Paulo Nogueira Batista Jr.
O comitê premiou uma “política controlada por Washington” em vez de pessoas que lutam contra o “genocídio em Gaza”, observou o analista. pic.twitter.com/6n43DPHKaK
— RT Brasil (@rtnoticias_br) October 10, 2025
María Corina Machado, líder do golpismo contra o governo de Nicolás Maduro, foi anunciada vencedora do Nobel da Paz em 11 de outubro. O comitê justificou a escolha afirmando que a política “luta pela liberdade democrática e pelos direitos humanos na Venezuela”. A decisão foi criticada por países aliados de Caracas e por analistas que consideram a medida uma interferência política.
Nogueira Batista Jr., conhecido por sua postura crítica em relação às potências ocidentais, tem defendido maior autonomia da América Latina e dos Brics na formulação de políticas internacionais. Na entrevista, ele reiterou que decisões como essa revelam o isolamento moral das instituições europeias diante de conflitos globais.
A fala do economista repercutiu entre observadores políticos latino-americanos e reforçou o debate sobre o uso político de prêmios internacionais. Para setores progressistas, a escolha do Nobel de 2025 representa uma tentativa de enfraquecer o bloco latino-americano alinhado à multipolaridade.