Pazuello afirma que avisou comandante do Exército sobre ato com Bolsonaro em 2021

Atualizado em 25 de fevereiro de 2023 às 7:44
Eduardo Pazuello e Jair Bolsonaro em ato político no Rio de Janeiro em maio de 2021
Foto: STRINGER (REUTERS)

Em processo disciplinar mantido em sigilo pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o deputado federal Eduardo Pazuello (Partido Liberal) disse que avisou, na véspera, que iria a um ato político com o chefe de governo ao então comandante do Exército, Paulo Sergio Nogueira.

Essa informação consta na defesa que ele apresentou em 2021, quando estava envolvido em um processo disciplinar na Força, e se refere a um ato que aconteceu em maio daquele ano. Na época, Pazuello era um general da ativa e havia acabado de sair de seu posto no Ministério da Saúde.

O parlamentar disse ainda que discursou brevemente porque foi surpreendido por Bolsonaro, que lhe entregou o microfone sem avisá-lo antes. Apesar de as regras militares não permitirem a participação de membros da ativa em eventos políticos, o atual deputado não foi punido, o que críticos julgaram como um perigoso precedente e um incentivo à “bolsonarização” entre integrantes das Forças Armadas.

A defesa de Pazuello se tornou pública na sexta-feira (24), em pedido da Lei de Acesso à Informação feito por veículos como a Folha de S.Paulo e após cair o sigilo de 100 anos decretado pelo ex-presidente. No mesmo documento, ele disse que o ato do qual participou não tinha cunho político nem partidário, pois Bolsonaro não era filiado a nenhuma sigla na época.

No ato em questão, Pazuello subiu em um palanque com Jair Bolsonaro após um passeio de moto com apoiadores pelas ruas do Rio de Janeiro. No evento, o então presidente da República condenou as medidas de prevenção à Covid-19 e, ao lado do general, pontuou: “Meu Exército jamais irá às ruas para manter vocês dentro de casa”. Essas chamadas motociatas serviam para que o chefe do governo reunisse seu eleitorado e, por diversas vezes, atacasse adversários políticos.

Eduardo Pazuello de terno e gravata, olhando para o lado
Eduardo Pazuello (PL) – Marcelo Camargo/Agência Brasil

“Relembro-vos que o informei [ao comandante do Exército] por telefone no sábado que iria ao passeio no domingo, a convite do presidente. Os laços de respeito e camaradagem entre mim e o presidente da República, a meu ver, justificam o convite para o passeio”, escreveu ele, em defesa que foi aceita por Paulo Sergio Nogueira.

No processo, o então comandante do Exército, que acabou se tornando ministro da Defesa do governo de Jair Bolsonaro, confirmou que foi avisado sobre a ida de Pazuello ao ato. Após a repercussão do caso, um processo disciplinar foi aberto contra o atual deputado federal, mas o Exército decidiu não aplicar nenhuma punição.

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