PCC e Comando Vermelho recusaram e devolveram metralhadoras do Exército

Atualizado em 21 de outubro de 2023 às 18:47
Imagem de armas no chão com pessoas em volta
Metralhadoras roubadas foram apreendidas. Foto: Reprodução/Polícia Civil

Os responsáveis pelo roubo de um arsenal de guerra do Exército em São Paulo, composto por metralhadoras .50 e armas de calibre 7,62, tinham como objetivo principal lucrar com a venda dessas armas, aumentando assim o poder bélico das duas maiores facções criminosas do Brasil: o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV). No entanto, o interesse inicial esfriou devido ao estado precário de conservação e à ausência de uma peça crucial.

Em uma tentativa de negociação com membros do CV que controlam o tráfico no Complexo da Maré, no Rio de Janeiro, os fornecedores não conseguiram concretizar a venda devido à falta de uma fita metálica essencial para carregar as munições nas armas. Essa peça está sujeita a controle rigoroso pelo Exército e, portanto, é difícil de ser adquirida no mercado. A informação foi confirmada por fontes da inteligência da Polícia Civil do Rio de Janeiro ao Metrópoles.

De acordo com as investigações, a negociação das armas ocorreu em um grupo de WhatsApp que contava com líderes do CV. Um fornecedor compartilhou um vídeo no grupo mostrando as quatro metralhadoras .50 que haviam sido desviadas do arsenal. No total, 21 metralhadoras foram roubadas de um quartel em Barueri, incluindo 13 de calibre .50 e oito de calibre 7,62. O crime foi descoberto em 10 de outubro. Até o momento, 17 armas foram recuperadas.

O arsenal também foi oferecido a um membro do PCC conhecido por liderar grandes roubos a agências bancárias e carros-fortes. No entanto, ele recusou a compra alegando que as armas estavam “velhas e em mau estado”.

Polícia Civil recuperou oito armas furtadas do Exército em São Paulo. — Foto: Domingos Peixoto / Agência O Globo

O fornecedor havia estipulado o valor de R$ 350 mil para cada metralhadora .50 (antiaérea) e R$ 180 mil para os fuzis. Esses preços eram considerados justos no mercado paralelo de armas pesadas, mas não foram suficientes para atrair o membro do PCC, que rejeitou a oferta.

Como resultado do roubo das armas, aproximadamente 480 militares foram colocados em regime de quarentena para investigação interna desde 11 de outubro. Essa medida permitiu que o comando coletasse depoimentos e estreitasse o foco nas possíveis pessoas envolvidas no crime. A maioria dos militares foi liberada na última terça (17), mas cerca de 160 deles permanecem impedidos de deixar o quartel.

O Comando Militar do Sudeste já identificou três militares que supostamente colaboraram com o roubo e continua investigando a participação de outros membros da corporação e civis. Em decorrência desse incidente, o comandante do Exército, Tomás Miguel Miné Ribeiro Paiva, anunciou, na última sexta, a exoneração do diretor do Arsenal de Guerra de São Paulo, Rivelino Barata de Sousa Batista, transferindo-o para outro estado.

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