PEC da Blindagem: 3 deputados mudam voto e explicam decisão

Atualizado em 17 de setembro de 2025 às 13:42
Votação na Câmara dos Deputados. Foto: Kayo Magalhães/Agência Câmara

Três deputados federais mudaram de posição entre o primeiro e o segundo turno da votação da PEC da Blindagem, aprovada ontem na Câmara. Dois deles são do PT, Airton Faleiro (PA) e Leonardo Monteiro (MG), e a terceira é Daniela do Waguinho (União-RJ), que foi ministra do Turismo no início do governo Lula. Todos foram a favor no primeiro turno e contra no segundo.

Airton Faleiro justificou o voto inicial como uma tentativa de articulação política. Segundo ele, o “sim” foi um gesto para tentar barrar a urgência do PL da Anistia e, ao mesmo tempo, garantir apoio a pautas de interesse do governo, como a MP da Tarifa Social de Energia e a isenção do Imposto de Renda.

“Com a ausência de sinalização de outras bancadas, em especial do Centrão, de assumir o compromisso de rejeição da urgência do PL da Anistia, decidi mudar meu posicionamento e votei contra”, explicou.

Leonardo Monteiro, por sua vez, afirmou que seu voto favorável não refletia sua real posição. “Deixo claro que sou contrário a qualquer esquema de blindagem de parlamentares e defendo sempre a transparência na vida pública”, disse o petista. Ele acompanhou a mudança de Faleiro e optou por “não” no segundo turno.

Airton Faleiro (PT-PA), Leonardo Monteiro (PT-MG) e Daniela do Waguinho (União-RJ). Foto: Reprodução

Daniela do Waguinho alegou que foi surpreendida pela rapidez da votação. “Compreendi que havia pontos relevantes no mérito da proposta. No entanto, a condução da votação em apenas uma hora de intervalo entre os turnos comprometeu a análise serena e aprofundada do texto final. Por essa razão, no segundo turno, optei por votar contra”, afirmou a deputada.

A PEC da Blindagem foi aprovada com ampla maioria nos dois turnos: 353 votos a 134 no primeiro e 344 a 133 no segundo. Como se trata de uma emenda à Constituição, o texto segue agora para análise no Senado.

A base do governo teve papel central na aprovação. Dos 353 votos favoráveis no primeiro turno, 232 vieram de partidos que ocupam ministérios da gestão Lula. Embora o PP e o União Brasil tenham anunciado saída da base, seus ministros ainda não deixaram os cargos, e deputados dessas legendas contribuíram para a vitória.

O governo havia liberado os parlamentares para votar como quisessem. Na federação PT-PCdoB-PV, a orientação foi contrária à PEC, mas 12 petistas votaram a favor no primeiro turno. Com a mudança de Faleiro e Monteiro, esse número caiu para dez no segundo.

Caique Lima
Caique Lima, 27. Jornalista do DCM desde 2019 e amante de futebol.