Pecuarista que destruiu geoglifos foi preso por exploração sexual de adolescentes. Por Leonardo Fuhrmann

Atualizado em 7 de agosto de 2020 às 18:54
Assuero Veronez foi vice-presidente da CNA. (Foto: CNA)

Publicado originalmente no site De Olho Nos Ruralistas

POR LEONARDO FUHRMANN

O presidente da Federação da Agricultura do Acre, Assuero Doca Veronez, está por trás de um crime contra a história da presença humana na Amazônia. Em sua fazenda Crixa II, no município de Capixaba, foram destruídos geoglifos (estruturas milenares cavadas no chão de forma geométrica), protegidas por lei. A área foi embargada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que noticiou o caso para o Ministério Público Federal. O MPFe irá apurar as responsabilidades civis e criminais da destruição.

Pecuarista, Assuero Veronez é influente tanto na Federação da Agricultura e Agropecuária do Estado do Acre (Faeac), instituição que preside, como na Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), da qual já foi vice-presidente. Ele também já foi marcado por um escândalo sexual: chegou a ser condenado e preso, em 2012, por exploração de adolescentes. O caso mais recente mostra que ele também se dispõe a plantar milho — em cima, inclusive, das artes milenares.

A destruição dos geoglifos é um ataque à memória dos povos pré-colombianos, dos quais fazem parte os indígenas e civilizações já dizimadas pela chegada dos brancos. O ataque foi descoberto por acaso, pelo pesquisador Alceu Ranzi, quando analisava as imagens de satélite. Ele pesquisava os símbolos destruídos — foram exatamente seus primeiros objetos de pesquisa — desde 2001. O Iphan faz vistorias anuais nos bens tombados. No segundo semestre do ano passado, no entanto, não conseguiu fazer a visita ao local, porque a fazenda estava fechada.

Segundo o Iphan, “as pesquisas arqueológicas nessas áreas revelam informações importantes sobre o manejo da paisagem amazônica por grupos indígenas que habitaram a região entre, aproximadamente, 200 AC – AD 1300, e sugerem um novo paradigma sobre o modelo de ocupação da Amazônia por densas sociedades pré-coloniais”. O instituto informa que foram identificados no Acre mais de 300 sítios arqueológicos do tipo geoglifo, que estão compostos por 410 estruturas de terra.

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