
As deputadas Heloísa Helena e Fernanda Melchionna protocolaram neste sábado (27/12) o pedido de criação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito para investigar o Banco Master. Mesmo durante o recesso parlamentar, as duas articulam a coleta de assinaturas para garantir que o requerimento seja lido logo na retomada dos trabalhos do Congresso, em fevereiro. Com informações do site MyNews.
A mobilização ocorre em meio ao avanço das denúncias envolvendo o banco e possíveis crimes financeiros. As parlamentares afirmam que o objetivo é aprofundar a apuração sobre práticas que teriam causado prejuízos a investidores e levantado suspeitas sobre a atuação de órgãos de fiscalização. A estratégia é usar o período de festas para acelerar apoios e evitar que o tema perca força política nas primeiras semanas de 2026.
Heloísa Helena adotou um discurso duro ao comentar o escopo da investigação. Para a deputada, o caso revela um emaranhado de relações institucionais que precisa ser exposto. “As denúncias criam uma rede monstruosa de promiscuidades diversas… É nossa obrigação investigar. Cabe aqui a máxima do sertão: ‘Quem for podre, que se quebre’”, afirmou.
A proposta da CPMI mira especialmente operações financeiras que teriam afetado fundos de previdência de servidores públicos em diferentes estados. Segundo as autoras do requerimento, há indícios de prejuízos relevantes em ao menos dez fundos, além de suspeitas de blindagem patrimonial e lavagem de dinheiro envolvendo estruturas financeiras complexas.

Outro ponto central da investigação é o papel dos órgãos reguladores. A CPMI pretende apurar se houve omissão ou falhas de fiscalização por parte de entidades responsáveis pelo controle do sistema financeiro. Também estão no radar possíveis responsabilidades de agentes públicos que teriam facilitado ou ignorado operações consideradas irregulares.
O pedido de comissão enfrenta, porém, um desafio matemático. Para ser instalada, a CPMI precisa atingir o número mínimo de assinaturas de deputados e senadores. Sem esse apoio formal, o requerimento não avança, o que explica a intensificação das articulações mesmo fora do calendário oficial do Congresso.
Caso seja instalada, a comissão terá prazo inicial de 120 dias para investigar os controladores e operações ligadas ao Banco Master, com possibilidade de prorrogação por mais 60 dias. Parlamentares envolvidos avaliam que o tempo será suficiente para rastrear fluxos financeiros e eventuais conexões políticas.
O caso já é tratado nos bastidores como um dos principais focos de tensão política do início de 2026. Com impacto potencial sobre o sistema financeiro e o ambiente institucional, a CPMI do Banco Master promete manter Brasília em clima de alta temperatura política, mesmo após o fim do recesso parlamentar.