Destaques

Pedro Bial deu palanque ao cantor bolsominion que insultou Fernanda Lima. Por Nathalí Macedo

Eduardo Costa, cantor que insultou Fernanda Lima (Foto: Reprodução)

Pra variar, torta de climão nos estúdios da PlimPlim.

Dessa vez a bronca foi que Pedro Bial convidou, no mesmo dia, para participarem do programa a apresentadora Fernanda Lima e o cantor sertanejo Eduardo Costa, mais conhecido pelos posts ofensivos que fez contra Fernanda do que pela música que vende.

Não se convida pessoas que têm rusgas entre si para a mesma festa – muito menos para o mesmo programa de televisão, que escancara o constrangimento em rede nacional. Isso é etiqueta básica.

Por outro lado, não me parece puramente falta de elegância: a postura ofensiva do sertanejo contra Fernanda Lima ganhou repercussão nacional. Ele chamou-a de “imbecil com discurso esquerdista” e disse entre outros clichês bolsonaristas que “a mamata vai acabar”.

Um parêntese: bolsominions não conseguem se comunicar sem esses jargões clichês que não guardam nenhuma ligação com a realidade? Seria bacana virar o disco.

A intenção do sertanejo – como faz a maioria dos machistas – era pedir desculpas a Fernanda em rede nacional. Segundo o colunista Ricardo Feltrin, a apresentadora ficou irritada e manifestou seu descontentamento a pessoas ligadas ao programa.

E tá errada?

Querer se desculpar – embora seja a atitude mais comum em machistas reincidentes – é louvável, mas precisa ser em rede nacional e de surpresa? Ao permitir, Pedro Bial endossa um comportamento que constrange ainda mais uma mulher já publicamente ofendida, e ao imbuir-se dessa audácia, o cantor sertanejo pouco conhecido prova seu oportunismo.

O pedido de desculpas foi tão raso quanto as ofensas, e repetiu um comportamento lamentável, porém comum: “Quero pedir desculpas a ela e ao marido dela, à família dela.” Por que há sempre o pressuposto sutil de que somos extensões de nossos companheiros?

Se esse pedido de desculpas fosse de fato sincero, teria se dado em condições menos constrangedoras e aprofundando o debate sobre pautas progressistas serem frequentemente associadas à imoralidade, mas aprofundar o discurso parece não ser lá a especialidade de Eduardo Costa, que vive de chavões e “graças a Deus”. Um pedido de desculpas sincero não requer aplausos em um programa de auditório.

O pedido de desculpas meia-boca não surpreenderia se fosse postado no Twitter, mas daí a Pedro Bial abrir as portas pra esse vexame?

Fernanda Lima, por sua vez, mantém a elegância e segue fazendo o que importa: o seu trabalho, que continuará incomodando gente como Eduardo Costa, que não suporta uma mulher linda e com discurso feminista na TV aberta – feminismo é pra incomodar mesmo, se fosse pra agradar seria orgasmo fingido.

Nathalí Macedo

Escritora, roteirista, militante feminista, mestranda em Cultura e Arte. Canta blues nas horas vagas.

Disqus Comments Loading...
Share
Published by
Nathalí Macedo

Recent Posts

Neymar doa milhões um estuprador e nada às vítimas das enchentes no RS

Neymar Júnior provou, mais uma vez, quais são as suas sórdidas prioridades. Diante da tragédia…

1 hora ago

RS: número de mortos sobe para 75 e 103 pessoas seguem desaparecidas

As fortes chuvas que atingem o Rio Grande do Sul desde o final da semana…

2 horas ago

Desastres como o do RS já custaram mais de R$ 105 bilhões ao país; entenda

O Rio Grande do Sul enfrentou nesta semana uma tragédia causada por chuvas intensas, resultando…

2 horas ago

DCM ao Meio-Dia: Devastação ambiental, privatizações e falta de investimentos mandam conta

https://www.youtube.com/watch?v=C_fY5NWArv8 Gilberto Maringoni faz o giro de notícias e entrevista o jurista Paulo Ricardo Paes…

3 horas ago

Mortes em enchentes no RS chegam 66 e número supera tragédia de 2023

O Rio Grande do Sul registrou na manhã deste domingo (5) 66 mortes em decorrências…

4 horas ago

Chuvas no RS: fake news atrapalham resgates de pessoas ilhadas

O quarto dia da maior tragédia climática do Rio Grande do Sul foi marcado por…

6 horas ago