Pedro Cardoso lança sua não-candidatura à presidência

Atualizado em 31 de janeiro de 2021 às 12:10
Pedro Cardoso – o não-candidato (reprodução Instagram)

Do Instagram do ator Pedro Cardoso:

Bom dia
Se eu fosse candidato a presidência da república, eu pediria: Não vote em mim! Se você espera de um presidente que ele resolva todos
os problemas do brasil, não vote em mim. Caso eu seja eleito, prometo que não resolverei praticamente problema algum do brasil; não porque eu não queira resolve-los, mas porque desconheço a solução deles; em verdade, nem sei dizer exatamente quais eles são. Uma vez presidente, eu não saberia governar para todos, uma vez que não percebo vontade alguma que una a todos num mesmo desejo de país. Se você deseja um presidente que garanta que não haverá mais corrupção, não vote em mim. Eu não faço a menor ideia de como seja possível impedir que milhares de políticos roubem, e nem conheço ainda a minha própria força moral diante da tentação. Será que eu estarei disposto a me conformar com 30 mil e pouco do meu salário como presidente? Confesso que, muito embora eu tenha sido honestinho até aqui, temo minha fraqueza diante das possibilidades infinitas que se abrem para quem tem poder. As razões para eu pedir o seu não-voto são muitas e eu terei gosto em expo-las todas. Por agora, anuncio a minha nunca-candidatura e o pedido do seu des-voto em razão principal de eu ser inculto, inepto, civil, anarquista, sincero e comediante. Fica aqui lançada para o lixo da história a minha anti-candidatura a presidência da república. Conto com o seu voto contrário a ela; e alardeio a minha crença no valor do voto inútil. Se você acredita que o seu voto não mudará nada, vote em não-mim, o candidato que seria se fosse. Se eu fosse candidato a presidente do brasil teria primeiro que me convencer de que existe brasil. Se você acredita que nasceu num país que te pertence, vote em qualquer-um-menos-eu. Agora, se meus nunca-eleitores quiserem conversar sobre como uma nacionalidade se faz a si mesma – eu apoio a candidatura de todo-qualquer-um que não se candidate, como eu. Nossa des-candidatura coletiva, que implora o não-voto de todos, é a minha declaração de resistência pacífica, porém viril, a agressão do criminoso fascismo eterno em sua imersão messiânica atual.