Pelo segundo dia consecutivo, o Egito manteve sem atualização a lista com autorizações para a saída de estrangeiros e cidadãos com dupla nacionalidade da Faixa de Gaza de seu território para o país árabe nesta segunda (6). Com isso, o grupo coordenado pelo Itamaraty terá mais um dia de espera na região.
No domingo, as autoridades do Cairo suspenderam a emissão de novas listas e mantiveram os portões do posto de Rafah fechados. O motivo, embora não tenha sido oficialmente alegado, foi o ataque de Israel a ambulâncias com feridos a caminho do Egito.
Tel Aviv afirmou que a ação, ocorrida na última sexta-feira, visava veículos com terroristas escondidos. Por sua vez, o Hamas, grupo palestino que lidera Gaza e está em conflito com Israel desde o ataque de 7 de outubro, afirma que civis foram mortos.
De qualquer forma, o Egito interrompeu a operação, que depende de um sistema de autorizações sobrepostas: a do Cairo, a de Tel Aviv para evitar a fuga de terroristas, e a dupla de Washington e Doha, mediadores do arranjo que começou a ser implementado na quarta-feira passada.
Até sábado, cerca de 2.700 pessoas haviam sido autorizadas a sair, mas a inconsistência do fluxo de pessoas no posto de Rafah impede uma contagem precisa de quem realmente deixou Gaza. Ainda não se sabe se, ao longo desta segunda, pelo menos as pessoas já autorizadas poderão entrar em algum momento.
O embaixador brasileiro na Cisjordânia, Alessandro Candeas, que coordena o esforço local com os refugiados, ressaltou: “Mais um dia na lista”.
Com isso, os 34 integrantes do grupo do Itamaraty continuam à espera e expressando descontentamento com os critérios adotados pelos envolvidos para determinar quem pode sair.
Apesar da maioria até o momento ser composta pelo principal aliado dos EUA, Israel, a presença de indonésios nas levas já despachadas torna difícil interpretar isso como um favorecimento claro. O país asiático, por exemplo, não possui relações com o Estado judeu.
Além disso, o Brasil tem persistido em seus esforços, com o chanceler Mauro Vieira mantendo conversas com seus pares nos EUA, Egito, Israel, Autoridade Nacional Palestina, Qatar e até mesmo no Irã, o mentor do Hamas e de outros grupos anti-Israel na região.