Pequenos e covardes, jogadores da Seleção Brasileira têm muito a aprender com a gigante Megan. Por Daniel Trevisan

Atualizado em 8 de julho de 2019 às 12:46
Megan Rapinoe, campeã dentro e fora de campo. Foto de Benoit Tessier/Reuters
Seleção Brasileira com Bolsonaro: homens sem fibra

Jair Bolsonaro postou em sua rede social o vídeo em que aparece sendo fotografado com os jogadores da Seleção Brasileira, com a taça da Copa América.

O que ele fez pela conquista?

Nada.

Ainda assim se ouve “Mito”, “Mito”, “Mito”.

Mas são poucos os jogadores que gritam. Os que mais bajulam Bolsonaro são pessoas que vestem agasalho branco.

O comandante da Seleção Brasileira, Tite, que havia se esquivado de um cumprimento mais caloroso de Bolsonaro, não está na foto.

O encontro com os jogadores deve ter sido proporcionado pelo mesmo assessor que tentou censurar a pergunta de um jornalista estrangeiro a Tite, na entrevista coletiva.

— Você só se deve fazer pergunta sobre a Copa América — disse o estafeta ao repórter que queria saber a opinião do treinador sobre a presença de Bolsonaro no gramado.

A foto com Bolsonaro e os gritos de campanha eleitoral são um contraste com a campeã do mundo Megan Rapinoe, capitã da Seleção dos Estados Unidos.

Considerada a melhor jogadora da Copa do Mundo,  ergueu a taça na França, depois de avisar que não veria Donald Trump.

“Não irei à merda da Casa Branca”, disse ela.

Em defesa de causas sociais e das minorias, não canta o hino dos Estados Unidos durante as competições.

“Sou um protesto ambulante”, disse.

“Suponho que, pelo fato de ser mulher e homossexual, sinto uma maior empatia em relação às pessoas que não se encontram em uma posição dominante. Achei uma obviedade. Quando alguém se afoga, você vai ajudar ficando na beirada?”, acrescentou.

Ela já se referiu a Trump como “sexista”, “misógino”, “mesquinho”, “curto de ideias”, “racista” e “má pessoa”.

Foi criticada pelo próprio presidente dos Estados Unidos, que tentou confundir a pessoa dele com símbolos nacionais.

“Megan não deveria nunca desrespeitar nosso país, a Casa Branca ou nossa bandeira, especialmente depois de tudo que foi feito por ela e pelo time. Seja orgulhosa da bandeira que defende”, afirmou.

Trump ainda tentou desqualificá-la. “Deveria ganhar primeiro antes de falar”, disse.

Magan ganhou tudo: a Copa, o troféu de melhor jogadora, a taça de artilheira. E manteve a resolução de não ir à Casa Branca. “Ele representa o oposto de tudo o que eu penso”, disse.

Ganhou o apoio de jogadoras. Algumas já se manifestaram. “Eu me recuso a respeitar um homem que não merece respeito. Acho que ficar em silêncio pode favorecer o opressor e eu não quero que Rapinoe sinta que está sozinha, porque muitas de nós têm o mesmo sentimento”, disse Ali Krieger, lateral do time.

Megan, que é patrocinada pela Nike, explicou por que se manifesta:

“Disponho de uma plataforma tão poderosa quanto o esporte, que interessa a milhões de pessoas do mundo inteiro. E faço parte de uma equipe que recebe uma grande cobertura da mídia. Ficar calada seria egoísta.”

Este certo que Marquinhos, que joga na França, passou direto por Bolsonaro e Tite foi discreto. Mas é possível imaginar um jogador da Seleção Brasileira dizendo palavras corajosas como a capitã da Seleção dos EUA?