Perdão aos milicianos. Lá, com Trump. Por Fernando Brito

Atualizado em 23 de dezembro de 2020 às 7:43
O presidente Donald Trump – Mandel Ngan/AFP

Originalmente publicado por TIJOLAÇO

Por Fernando Brito

Nos últimos dias de sua presença na Casa Branca, Donald Trump distribui perdões presidenciais a amigos e também a quem, na última guerra do Iraque, atuou e matou como miliciano, a serviço de empresas privadas, como a tristemente famosa Blackwater , recrutadora de cães de guerra que ficou tão desmoralizada por sua atuação que teve de mudar de nome, para Ademi.

Em 2007, Paul Slough, Evan Liberty, Dustin Heard e Nicholas Slatten estavam em Bagdá, num blindado e abriram fogo indiscriminadamente com metralhadoras e lançadores de granadas contra uma multidão de pessoas desarmadas na capital iraquiana.

Mataram 17 pessoas, entre elas dois meninos, de 8 e 11 anos. Agentes do FBI que visitaram a cena do crime relataram o massacre como o “My Lai”, numa referência ao episódio que completou 50 anos como um dos maiores crimes de guerra já praticados.

Todos os condenados – 3, a 30 anos e um a prisão perpétua – confessaram seu crime e o próprio governo norte-americano disse, em um memorando, que “nenhuma das vítimas era insurgente ou representava qualquer ameaça ao comboio [da Blackwater]”

Mas não pense que é só pelas mortes que o ato de Trump é asqueroso.

Segundo o The New York Times, “os perdões dos contratados da Blackwater têm ligações diretas com dois dos aliados próximos de Trump: Erik Prince, o ex-chefe da Blackwater, e a irmã de Prince, Betsy DeVos, a secretária de educação.”

E não apenas eles: pesquisa do pelo professor da Escola de Direito de Harvard, Jack Goldsmith, descobriu que dos 45 perdões ou comutações de Trump antes da terça-feira, 88% eram de pessoas com ligações pessoais com o presidente ou que lhe davam apoio político.