Perfil: Mr Marlboro, a nova celebridade do extremismo islâmico

Atualizado em 29 de janeiro de 2013 às 20:58

O terrorista por trás da tomada de uma refinaria na Argélia se formou na Al-Qaeda

Mr Marlboro
Mr Marlboro

Mokhtar Belmokhtar.

Ou Caolho.

Ou Mr Marlboro.

Eis que surge uma nova estrela no mundo do terrorismo islâmico.  Belmokhtar, jihadista de 40 anos, foi o cérebro por trás da tomada de centenas de reféns numa refinaria da British Petroleum na cidadezinha de Amenas, na Argélia, norte da África.

Foi uma tragédia multinacional: entre os reféns estavam ocidentais de diversas nacionalidades: ingleses, americanos, noruegueses etc.

Foram quatro dias de drama e sangue. Soldados argelinos invadiram hoje a refinaria e a retomaram. As contas parciais indicam que 23 reféns e 32 terroristas morreram em Amenas.

Um dito local explica em parte o morticínio: “Pior do que ser tomado como refém por terroristas é ser resgatado por soldados argelinos”.  Os extremistas pediam a libertação de presos.

O exército da Argélia é amplamente detestado no país. Controla, persegue e mata opositores em larga escala, e é o poder de fato num país em que os líderes civis são apenas marionetes.

Havia, em 2011, uma expectativa de que a Argélia vivesse, como vizinhos como a Tunísia, uma primavera. Os protestos nas ruas foram intensos, mas no final o regime se manteve de pé.

A oposição diz que em 2012 130 pessoas se suicidaram por fogo na esperança de gerar uma revolta que derrube o governo. A fogueira humana até tem sido em vão.

Ouviremos falar bastante de Mr Marlboro nos próximos dias. Ele está vivo, embora no passado já tenha sido dado como morto.

Nascido na Argélia, ele aderiu à jihad – a “guerra santa” dos extremistas islâmicos – ainda adolescente. Como bin Laden, sua primeira experiência bélica foi no Afeganistão, na luta contra os invasores russos.

Lá perdeu um olho e se converteu ao terror islâmico. Pertenceu aos quadros no norte da África da Al-Qaeda, o grupo de bin Laden.

Segundo alguns relatos, nunca foi inteiramente aceito pela Al-Qaeda porque fez dinheiro contrabandeando principalmente cigarros. Daí o apelido de Senhor Marlboro. Ele acabou deixando a Al-Qaeda e fundou seu próprio grupo, Al-Mulathameen Brigade (Brigada dos Homens Mascarados).

A Argélia se libertou da França em 1954, mas jamais se acertou. Num documentário que vi, uma mulher local de meia idade afirmou: “Os franceses eram ruins, mas os argelinos que vieram depois são ainda piores”.

Quando anunciou a execução de bin Laden, numa ação que provavelmente lhe deu o segundo mandato, Obama afirmou em cadeia nacional: “O mundo ficou mais seguro”.

Quem acredita nisso, como disse Wellington, acredita em tudo.