Perfis falsos em redes sociais impulsionaram apoio ao golpe na Bolívia

Atualizado em 13 de novembro de 2019 às 15:14
3.612 contas, com zero ou um seguidor, participaram do Twitter com a tag que visava legitimar o golpe na Bolívia. Ao todo, 4.492 contas foram criadas em dois dias, para participar do assunto sobre a situação política do país

A oposição ao presidente deposto Evo Morales criou uma rede de perfis falsos no Twitter para legitimar o golpe perante a opinião pública internacional. Em um período de dois dias foram criadas mais de 4.500 novas contas ativadas para impulsionar a hashtag #BoliviaNoHayGolpe.

A ação foi descoberta por Luciano Galup, especialista em comunicação política e diretor da consultoria Menta Comunicación. “Houve uma ação coordenada clara para abrir contas e dar volume ao assunto”, disse ele, ao jornal argentino Pagina12.

De acordo com Galup, 3.612 contas, com zero ou um seguidor, participaram do Twitter com a tag que visava legitimar o golpe na Bolívia. Ao todo, 4.492 contas foram criadas em dois dias para participar das conversas a respeito da situação política do país.

O diretor da consultoria Menta Comunicación ressaltou que os golpes precisam ser legitimados diante de outras nações para não sofrerem sanções. “Esses tipos de ações coordenadas não têm muito impacto na política doméstica. Um trending topic (assunto bastante comentado) não tem eficácia sobre as pessoas que vivem essas experiências e ocupam esses territórios, mas em outros países pode funcionar como propaganda”, explicou.

A senadora Jeanine Áñez se autoproclamou presidenta da Bolívia, na noite desta terça-feira (12) – mesmo dia em que Evo Morales e Álvaro Linera chegaram ao México, onde receberam asilo político após terem renunciado para tentar frear a onda de violência do golpe de Estado em curso no país.

Em seu perfil no Twitter, Evo protestou contra a autoproclamação, a qual classificou como a consumação do golpe.  “Uma senadora de direita nomeia-se como presidente do Senado e depois presidente interina da Bolívia, sem um quórum legislativo, cercada por um grupo de cúmplices e apoiada pelas Forças Armadas e pela polícia que reprimem o povo”, criticou.