O cantor e compositor Guilherme Arantes, que comemorou 70 anos em 2023, compartilhou em sua conta no Facebook uma reflexão sobre o atual cenário da televisão e o desconforto que artistas de sua geração podem sentir em meio à disputa pela audiência.
“Me perguntam por que evito fazer televisão. É que tenho percebido que minha imagem pode trazer danos à audiência. E que a ‘audiência’ da TV pode trazer danos para mim”, iniciou Guilherme Arantes.
Arantes, conhecido por sucessos como “Amanhã,” “Deixa Chover” e “Meu Mundo e Nada Mais” , trilhas sonoras de várias novelas, expressou que não desvaloriza a televisão, já que sua geração se beneficiou muito dela. No entanto, ele mencionou que certos “componentes e fórmulas que vingaram nos tempos atuais” o preocupam.
“Ficou bem complicado agora, com interatividade e o voyerismo invasivo, científico, dos talk shows… E sei que os programas das TVs vivem na corda-bamba, lutando desesperadamente por audiência”, relatou.
O músico salientou que, atualmente, a imagem é consideravelmente mais relevante do que sua própria contribuição, que, no seu caso, são suas músicas. Ele também mencionou que não deseja constranger o público, especialmente numa época em que todos nas redes sociais parecem maravilhosos e virtuosos, com milhões de seguidores.
“Muito da TV, hoje, se constrói em função do que vem e do que causa nas Redes Sociais. E isso é Orwelliano, diabólico. Não quero constranger o público, também, já que hoje em dia as pessoas são todas muito bonitas nas redes sociais, nas mídias. Esta é a época de Ouro da humanidade, em que os seres humanos são todos simplesmente maravilhosos e todos muito virtuosos, com seus milhões de seguidores”, afirmou.
No desabafo, Arantes também compartilhou uma experiência no Programa do Faustão em 2022, onde uma pergunta sobre sua aparência quando jovem o pegou de surpresa. Ele mencionou que as pessoas na TV precisam ser visualmente atraentes, mas enfatizou que sua riqueza interior e carisma atual não podem ser comparados com seu “conteúdo ralinho” da época em que tinha cabelos longos, algo que ocorreu mais de 40 anos atrás.
“Anos atrás, fui fazer o Fausto Silva e a Anne Lottermann me perguntou se eu sentia saudades da cabeleira, da minha juventude. Sei que foi uma pergunta inocente e burrinha, coitadinha, porque eu lhe respondi na lata. Fiquei surpreso com a pergunta ‘na lata’. As pessoas na TV têm que ser lindas. Isso é inquestionável”, desabafou.
“Respondi que eu não sinto saudades porque o meu conteúdo cerebral de hoje, o meu carisma até para responder… não dá para comparar com o conteúdo ‘ralinho’, o carisma fraquinho que eu tinha no tempo dos cabelões, que aliás, hoje data de mais de 40 anos, a provável idade dela”.
No final de seu relato, o compositor concluiu seu pensamento destacando alguns pontos de sua opinião. Para Arantes, as perguntas que são feitas em programas hoje em dia, em sua maioria, são feitas “para causar”. Ele também disse que, costumeiramente, a mídia acaba trazendo temas “tóxicos” e de aborrecimentos pessoais de seus convidados a fim de angariar mais audiência.
“Não quero mais televisão porque quando é para ser entrevistado, a pergunta já vem pautada para ‘causar’, e as falas na TV são sempre tóxicas, trazem aborrecimentos e perdas pessoais”, concluiu.
Confira o texto completo, publicado por Arantes em seu perfil no Facebook, clicando aqui.
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