Perita da ONU diz que PL do estupro viola padrões internacionais

Atualizado em 16 de junho de 2024 às 11:56
Manifestação contra PL que equipara aborto a homicídio. Foto: Mauro Pimentel/AFP

O Projeto de Lei 1904/24, que equipara o aborto realizado após a 22ª semana de gestação ao crime de homicídio simples, viola padrões internacionais de direitos humanos e representa uma ameaça para as mulheres mais pobres do Brasil.

O alerta é da perita do Comitê da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres (CEDAW), Leticia Bonifaz Alfonzo.

Em entrevista ao UOL, Leticia destacou que o projeto contraria as normas internacionais. “A CEDAW trabalha com um esquema no qual o ideal é que se deixe um espaço de liberdade até 12 semanas [para um aborto]. Se isso não é possível, pelo menos deve haver uma garantia em caso de estupro ou quando a vida da mãe está em risco”, disse.

“Esses são os padrões internacionais e qualquer ação contrária vai ter reações por parte da ONU. E é por isso que é tão importante continuar acompanhando o que ocorre em Brasília”.

A Câmara dos Deputados aprovou na última quarta-feira (12), em votação relâmpago, a urgência do projeto. Com isso, a proposta pode ser analisada no plenário a qualquer momento, sem a necessidade de passar pelas comissões temáticas.

O projeto é de autoria do deputado federal Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) e contou com o apoio da bancada evangélica. A proposta altera o Código Penal e equipara os abortos realizados após a 22ª semana de gestação ao crime de homicídio simples, além de determinar que, mesmo em casos de estupro, o procedimento não será permitido.

Segundo a perita, as mais ameaçadas pela lei são mulheres com menos poder aquisitivo. “Com os níveis de contraste que tem o Brasil, com a riqueza e apodera, são as mulheres com escassos recursos que recorrem ao aborto clandestinos, e são elas que temos de proteger”, afirmou.

Leticia destacou que, se leis como o PL do aborto entram em vigor, as práticas clandestinas continuam em “situações que colocam risco as vidas dessas mulheres”.

Chegamos ao Blue Sky, clique neste link
Siga nossa nova conta no X, clique neste link
Participe de nosso canal no WhatsApp, clique neste link
Entre em nosso canal no Telegram, clique neste link