
O governo do Peru decretou estado de emergência na fronteira com o Chile por 60 dias diante do temor de uma fuga em massa de migrantes em situação irregular, sobretudo venezuelanos. A medida ocorre às vésperas das eleições chilenas de 14 de dezembro, nas quais o ultradireitista José Antonio Kast é favorito. Durante a campanha, ele prometeu expulsar imigrantes não regularizados, o que vem provocando deslocamentos rumo ao território peruano.
O decreto abrange os distritos fronteiriços de Palca, Tacna e La Yarada-Los Palos, no sul do país, e prevê reforço militar nos controles aduaneiros. Segundo o texto oficial, o objetivo é também “enfrentar a criminalidade e outras situações de violência”. O governo afirma que a Polícia Nacional mantém o controle da ordem interna, com apoio das Forças Armadas.
O ministro do Interior, Vicente Tiburcio, viajou à região e confirmou que o estado de emergência está em vigor desde 29 de novembro. Ele informou que cerca de 50 militares foram enviados ao posto fronteiriço de Santa Rosa. Outros 50 soldados devem chegar no início de dezembro, ampliando o contingente para lidar com o aumento de migrantes.
Imagens divulgadas pela rádio Tacna mostram grupos com crianças caminhando próximos à passagem fronteiriça. O movimento segue após relatos do governo chileno sobre dificuldades enfrentadas por migrantes que tentavam deixar o país e entrar no Peru. O ministro chileno de Segurança, Luis Cordero, citou a “concentração de pessoas migrantes”, mas sem indicar números.

A tensão cresceu desde que Kast passou a defender a retirada dos cerca de 330 mil imigrantes irregulares que vivem no Chile, majoritariamente venezuelanos. O candidato vincula esse grupo ao aumento da insegurança, discurso que fortaleceu sua campanha de segundo turno contra a esquerdista Jeannette Jara.
Enquanto a disputa eleitoral avança, o Peru teme que a pressão política no Chile provoque um fluxo repentino de estrangeiros rumo ao seu território. As autoridades peruanas afirmam que seguem monitorando a situação e reforçando a vigilância para evitar entradas irregulares e episódios de violência na região.