Para 98% dos executivos do mercado financeiro, a política econômica do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva está indo na direção errada. Apenas 2% acreditam que a política econômica está certa. O dado é de nova pesquisa da Quaest realizada entre 10 e 13 de março com 88 executivos e economistas de fundos de investimentos com sede em São Paulo e no Rio de Janeiro.
O levantamento inédito, que mostra como bolsonarismo contaminou o mercado financeiro, foi divulgada pelo diretor do instituto, Felipe Nunes, nesta quarta-feira (15), no Twitter:
A Genial e a Quaest divulgam hoje a primeira pesquisa da série ‘O que pensa o mercado financeiro?’. O levantamento ouviu 82 executivos dos maiores fundos de investimentos do país. É a maior pesquisa já realizada com o setor. Detalho neste fio os principais resultados.
Para 98% dos executivos do mercado financeiro a política econômica do país está indo na direção errada. Em grande medida, essa avaliação parece estar associada à percepção que eles tem sobre dois elementos.
Primeiro, para 90% do mercado, a política fiscal do governo não vai gerar sustentabilidade da dívida pública.
Na avaliação da maioria dos players do mercado (49%), o superávit primário necessário para a sustentabilidade da dívida deveria ser entre 150 e 200 Bi.
Em 2022, o governo Bolsonaro produziu um superávit de 54Bi, o melhor desde 2013, mas muito distante do que o mercado considera ser saudável para a dívida. Durante os governos Lula, a média do superávit foi de 56Bi em valores correntes.
O segundo elemento técnico da desconfiança é, na percepção do mercado, a falta de preocupação do governo com o controle da inflação (68% acham que o governo não está preocupado com o assunto).
O mercado acredita, por exemplo, que é muito provável que o governo tente alterar as metas de inflação nos próximos 6 meses, o que a maioria considera equivocado.
Por outro lado, o mercado aprova a decisão do BC de manter a taxa Selic no patamar em que está, 95% acham que o BC acertou com a medida.
Por isso mesmo, quase 60% acham que a taxa atual (13,75) é a ideal para o país no momento.
O pessimismo do mercado também é afetado por uma indubitável desconfiança em relação aos players do governo. Gleisi, Mercadante e Lula estão no topo da desconfiança. Os melhores desempenhos do governo são de Haddad e Alckmin. Mas não chegam perto de Campos Neto e Tarcísio.
O Ministro da Fazenda é a grande surpresa da pesquisa. Com avaliação negativa de apenas 38% do mercado, Haddad desponta como alguém que está tentando gerar a previsibilidade que o mercado tanto defende.
A avaliação de Haddad é muito melhor que a do próprio presidente Lula. Vejam a diferença dos resultados quando comparamos o mercado com a opinião pública em geral. Enquanto entre a população, só 20% rejeitam o governo Lula; no mercado, a rejeição chega a 90%.
No que se refere à governabilidade, o mercado está desconfiado da capacidade do governo de ter seus projetos aprovados. Apenas 33% acreditam que o governo tem alta capacidade de aprovar sua agenda no Congresso. Vejamos como essa percepção muda ao longo do tempo!
A pesquisa Genial/Quaest com o mercado financeiro terá uma longa série histórica e acompanhará os temas mais quentes da política e da economia na visão do setor financeiro ao longo do ano.
1/ A Genial e a Quaest divulgam hoje a primeira pesquisa da série 'O que pensa o mercado financeiro?'. O levantamento ouviu 82 executivos dos maiores fundos de investimentos do país. É a maior pesquisa já realizada com o setor.
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— Felipe Nunes (@profFelipeNunes) March 15, 2023