
Dois fatos distintos, porém intimamente interligados, convergiram para uma realidade política brasileira simplesmente inquestionável: não existe saída do golpe que não seja por uma coalizão de esquerda liderada pelo ex-presidente Lula.
Seja ele candidato ou não.
No sábado (4), por ocasião do lançamento da candidatura do líder do MTST, Guilherme Boulus, pelo PSOL, o que mais ficou patente em todo o evento foi o vídeo gravado por Lula felicitando-o e desejando-lhe “toda a sorte do mundo”.
Muito significou o pouco que foi dito e, ainda mais, o que não foi.
Pelo dito, está expresso o entendimento de que a união das esquerdas é imprescindível para uma democrática reviravolta no golpe instalado em 2016.
Ao convidar não só Boulus, mas também a comunista Manuela D’Ávila ao seu palanque e se predispor a estar igualmente ao lado das frentes de esquerda, Lula grita um mantra histórico: “trabalhadores do mundo, uni-vos”.
Pelo não dito, o silêncio em relação a Ciro Gomes ecoou aos quatro cantos. Animal político que é, nada no ex-presidente é por acaso, o recado não poderia ter sido mais sonoro.
Ao não pronunciar Ciro na sua chamada das esquerdas pela luta unida, Lula fala num megafone para o camaleônico presidenciável: ou se é de esquerda ou não se é. Decida-se.
Dado o pito e mal terminado o evento PSOLista, o Instituto Ipsos divulgava mais uma pesquisa.
Numa frase, Lula continua imbatível.
Único da esquerda pelo qual o instituto demonstrou interesse, o ex-presidente permanece figurando como o mais aprovado (42%) e menos rejeitado ( 56%) entre todos os pré-candidatos testados.
Comparando-se com os seus atuais principais adversários, Bolsonaro e Alckmin, o resultado representa uma verdadeira desmoralização política para os mais íntimos envolvidos com a ruína democrática brasileira.
Com aprovação de apenas 20%, menos da metade que a de Lula, Alckmin patina nos escombros enlameados do PSDB.
A herança deixada pelos seus notórios caciques como Aécio Neves, José Serra, Aloysio Nunes e o próprio FHC, tornam o sucesso de sua candidatura uma visagem cada vez mais turva.
Já Bolsonaro, o “especialista em matar gente”, apesar de um pouco melhor que Alckmin (que tempo vivemos) também apresenta números ridículos para um confronto direto.
Os 24% de aprovação do ex-capitão do exército não são páreos para o que atualmente está posto à mesa. Tão pouco a sua rejeição de 58% torna a sua empreitada fascista mais palatável.
No mais, Michel Temer, Rodrigo Maia e Henrique Meirelles amargam o ostracismo que lhes é devido.
Todos juntos – 4%, 4% e 5% respectivamente – não conseguem sequer ameaçar o despenado ninho tucano.
Nada obstante, está claro que a luta pelo retorno à normalidade democrádica no Brasil não é e não será fácil.
O consórcio que se formou entre a direita brasileira, o poder judiciário e a grande mídia hegemônica não medirá esforços para que o establishment seja mantido.
Apenas através de uma verdadeira e necessária união dos campos progressistas desse país será possível construirmos uma nova e mais profunda pauta em direção ao desenvolvimento da justiça social.
Todos que queiram participar com seriedade, sinceridade e desapego serão sempre bem vindos.