“Pessoas estúpidas”: Trump chama mudança climática de fraude e ataca especialistas

Atualizado em 24 de setembro de 2025 às 6:54
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, durante discurso na Assembleia Geral da ONU, nesta terça (23). Foto: Reprodução

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a atacar o consenso científico sobre a mudança climática durante discurso na 80ª Assembleia Geral da ONU, realizada nesta terça-feira (23), em Nova York. Ele classificou o fenômeno como “a maior farsa já perpetrada contra o mundo” e chamou os especialistas de “pessoas estúpidas”.

Trump também aproveitou sua fala para defender o carvão como fonte de energia e celebrar a decisão de retirar os Estados Unidos do Acordo de Paris, tratado internacional firmado em 2015 para reduzir as emissões de gases do efeito estufa. Segundo ele, o país teria arcado sozinho com os custos da agenda climática.

As declarações contrastaram com relatórios recentes de organismos internacionais. A Organização Meteorológica Mundial confirmou que 2024 foi o ano mais quente já registrado, com temperatura média global 1,55 °C acima dos níveis pré-industriais. A Nasa também informou que o planeta esteve 1,47 °C mais quente em comparação ao final do século XIX.

Dados do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) reforçam que o aquecimento global é resultado direto da ação humana e não tem precedentes em milhares de anos. Entre as evidências estão o derretimento acelerado de geleiras, a redução do gelo no Ártico e a elevação do nível do mar. Em 2024, as concentrações de dióxido de carbono atingiram 422,5 partes por milhão — 52% acima dos níveis pré-industriais.

Em reação, a presidente do Instituto Talanoa, Natalie Unterstell, afirmou que o discurso de Trump foi “um delírio” e ressaltou que a realidade já comprova os impactos da crise climática. Ela lembrou que os Estados Unidos não financiaram sozinhos as políticas ambientais e que o carvão continua sendo uma das maiores fontes de poluição do planeta.

Na véspera do discurso, o secretário-executivo da ONU para o Clima, Simon Stiell, havia alertado que a COP30, marcada para novembro em Belém, será determinante para verificar se a cooperação internacional ainda pode gerar resultados concretos. Ele defendeu novos planos nacionais de corte de emissões e cobrou mais clareza dos governos sobre como pretendem limitar o aquecimento global.