Os brasileiros precisam aprender a discordar civilizadamente.
Vejo aqui na Inglaterra.
O Guardian é um jornal de centro esquerda. O Times, de Murdoch, é conservador. Ninguém se xinga. Entre pessoas que divergem há um respeito intelectual do qual a sociedade se beneficia.
A gritaria desqualifica o argumento, mas ninguém parece se lembrar disso no Brasil. Você afasta, em vez de atrair pessoas para o seu lado e as suas idéias. O xingamento é a doença infantil dos polemistas.
Fernando Henrique Cardoso é uma referência aí. Nunca ele rebaixou seu vocabulário para se referir a Lula e ao PT. A presidenta Dilma também é um bom exemplo a seguir. Críticas elegantes refletem mentes elegantes. O maior polemista brasileiro, Nelson Rodrigues, defendia suas idéias com graça e vigor — sem ultrapassar jamais os limites da dignidade. Pena que ele seja tão pouco seguido. O Brasil acabou dominado por um lacerdismo insuportável na troca de opiniões. (Carlos Lacerda, com sua campanha selvagem contra Getúlio Vargas à base do tristemente célebre “mar de lama”, levou um presidente eleito ao suicídio e os brasileiros a uma divisão que perdura até hoje, lamentavelmente.)
Há uma métrica boa para aferir o progresso do Brasil no campo do debate educado. Quando expressões gastas e chulas como “pig”, “besta” e “petralhas” sumirem, é porque avançamos.
Seguirá então daqui meu clap, clap, clap.
De pé.