PF aponta que Eduardo usou conta da esposa para ocultar dinheiro de Bolsonaro

Atualizado em 20 de agosto de 2025 às 21:54
O deputado federal Eduardo Bolsonaro e sua esposa, Heloísa. Foto: Divulgação

A Polícia Federal identificou indícios de que o deputado federal Eduardo Bolsonaro utilizou a conta bancária de sua esposa, Heloísa, como mecanismo para ocultar recursos transferidos por seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro.

O relatório final do inquérito que resultou no indiciamento de ambos aponta que o objetivo era evitar bloqueios judiciais e dissimular a origem do dinheiro. Situação semelhante teria sido praticada por Jair Bolsonaro com sua esposa, Michelle Bolsonaro.

De acordo com o documento, pai e filho “se utilizaram de diversos artifícios para dissimular a origem e o destino de recursos financeiros, com o intuito de financiamento e suporte das atividades de natureza ilícita do parlamentar licenciado no exterior”.

Eduardo está morando nos Estados Unidos desde o início do ano, de onde atua em articulações políticas contra decisões do Supremo Tribunal Federal (STF). A análise das movimentações financeiras mostrou que Bolsonaro transferiu mais de R$ 2 milhões ao filho.

Em depoimento prestado em junho, o ex-presidente admitiu ter enviado esse valor para que Eduardo “não passasse necessidade”. A PF, no entanto, concluiu que Bolsonaro omitiu informações e realizou outros repasses ao longo do ano. Além da transferência milionária feita em 13 de maio, foram identificadas mais seis operações em favor do filho, somando R$ 111 mil.

Eduardo Bolsonaro e seu pai Jair Bolsonaro. Foto: Divulgação

Logo após receber os R$ 2 milhões, Eduardo Bolsonaro transferiu parte do dinheiro para contas de sua esposa. No dia 19 de maio, Heloísa recebeu R$ 50 mil. Pouco depois, em 5 de junho, outro repasse de R$ 150 mil foi identificado. Para os investigadores, essa movimentação demonstra uma tentativa deliberada de ocultar a real destinação dos valores.

“Eduardo utilizou a conta bancária de sua esposa como forma de escamotear os valores encaminhados por seu genitor, utilizando como conta de passagem, com a finalidade de evitar possíveis bloqueios em sua própria conta”, apontou o relatório.

A Polícia Federal também encontrou indícios de manobra semelhante envolvendo Michelle Bolsonaro. A investigação mostrou que Jair Bolsonaro transferiu R$ 2 milhões para a conta da ex-primeira-dama na véspera de depor à PF em junho. Os investigadores destacam que “não houve qualquer justificativa” para a operação, entendida como uma forma de retirar recursos de sua titularidade imediata.

Segundo a PF, a conduta de Jair Bolsonaro foi “deliberada, livre e consciente”, com a finalidade de “se desfazer dos recursos financeiros que tinha em sua posse imediata, bem como evitar possíveis medidas judiciais que limitassem ou impedissem de consumar o intento criminoso de apoiar financeiramente as ações do parlamentar licenciado no exterior”.

Essas movimentações financeiras reforçam, na avaliação dos investigadores, a suspeita de que tanto Eduardo quanto Jair Bolsonaro buscavam criar mecanismos para proteger seu patrimônio de bloqueios judiciais no Brasil e, ao mesmo tempo, manter a estrutura de apoio político no exterior.

O relatório, que já está em posse da Procuradoria-Geral da República (PGR), será analisado para definir se há elementos suficientes para apresentar denúncia formal ao Supremo Tribunal Federal contra o ex-presidente, seu filho e outros envolvidos.

Guilherme Arandas
Guilherme Arandas, 27 anos, atua como redator no DCM desde 2023. É bacharel em Jornalismo e está cursando pós-graduação em Jornalismo Contemporâneo e Digital. Grande entusiasta de cultura pop, tem uma gata chamada Lilly e frequentemente está estressado pelo Corinthians.