
A Polícia Federal cumpriu, nesta segunda-feira (4), mandado de prisão domiciliar contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em sua residência em Brasília. A decisão foi tomada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que também determinou a apreensão do celular de Bolsonaro e o reforço de restrições já impostas anteriormente, como a proibição do uso de redes sociais e de sair da capital federal.
A medida foi motivada pela participação remota de Bolsonaro em uma manifestação de apoiadores no domingo (3), na orla de Copacabana, no Rio de Janeiro. Mesmo impedido por decisão judicial de interagir com as redes sociais e participar de atos públicos, o ex-presidente enviou um vídeo, gravado ao lado da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, que foi divulgado por seu filho, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), no Instagram. A publicação foi apagada horas depois.
No vídeo, Bolsonaro aparece sentado, com tornozeleira eletrônica visível, e envia uma mensagem direta aos manifestantes: “É pela nossa liberdade, pelo nosso futuro, pelo nosso Brasil. Sempre estaremos juntos!”. Para Moraes, o gesto configurou “reiterado descumprimento de medidas cautelares” e teve como objetivo a produção deliberada de material que pudesse ser usado para pressionar o STF e obstruir investigações em curso.
Bolsonaro acompanhando as manifestações flopadas pelo celular. Pelo menos a tornozeleira serviu para evitar que ele perdesse tempo viajando para mais um fiasco. Carinha decepação na vídeo chamada. pic.twitter.com/WqDjXGGAyL
— GugaNoblat (@GugaNoblat) August 3, 2025
Na decisão, Moraes declarou que a conduta do ex-presidente foi dolosa, reiterada e teve “intenção clara de instigar seus apoiadores a atacar instituições democráticas”. Além da apreensão do celular, Bolsonaro agora só poderá receber visitas de advogados ou pessoas previamente autorizadas pelo STF. As restrições reforçam as medidas já aplicadas contra o ex-presidente no processo em que ele é réu por tentativa de golpe de Estado.
A Polícia Federal havia apontado indícios de que Bolsonaro e seus aliados vinham tentando manipular a opinião pública e as redes sociais com conteúdo que afronta decisões judiciais. A participação, mesmo remota, em atos públicos é considerada uma violação direta dessas ordens. Essa nova determinação é mais um desdobramento do processo que apura o envolvimento do ex-presidente na articulação de ataques ao sistema eleitoral e ao Judiciário.
Até o momento, a defesa de Jair Bolsonaro não se pronunciou oficialmente sobre as medidas. A decisão de Alexandre de Moraes ocorre em meio a novos atos promovidos por apoiadores do ex-presidente e amplia o cerco judicial ao líder do PL, que já foi alvo de operação da PF por tentativa de golpe, uso indevido de cartão de vacinação e incitação ao crime. As investigações seguem em andamento no Supremo.