PF crê que Bolsonaro deu procuração a assessor para livrar-se de culpa no caso das joias

Atualizado em 1 de setembro de 2023 às 23:52
Jair Bolsonaro falando e gesticulando
O ex-presidente Jair Bolsonaro fez procuração para assessor – Agência Brasil

Os investigadores da Polícia Federal trabalham com a hipótese de que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tenha feito uma procuração para Marcelo Costa Câmara já com a intenção de se eximir de qualquer responsabilidade sobre a guarda e destinação das joias sauditas.

O documento foi confeccionado duas semanas antes do término de seu mandato e ele conferiu a Câmara plenos poderes para cuidar do acervo de presentes que ele ganhou durante os quatro anos em que esteve no comando do Brasil.

De acordo com fontes do Estadão, o fato de Bolsonaro ter tomado essa precaução reforça a suspeita de que o entorno do ex-mandatário já previa problemas com a Justiça.

A procuração foi registrada em 16 de dezembro de 2022 e consta em um dos diversos anexos da investigação, que trata sobre o inventário dos presentes organizado pelo Gabinete Adjunto de Documentação Histórica da Presidência da República.

“Declaro o senhor Marcelo Costa Câmara, para os devidos fins, como meu representante legal no que se refere aos acervos presidenciais privados”, diz o documento, que tem firma reconhecida.

Jair Bolsonaro e seus assessores protagonizam uma trama de venda e recompra de peças que teriam sido desviadas do acervo presidencial. A apuração da PF mostra que os itens chegaram a ser negociados em lojas de venda de artigos de luxo nos Estados Unidos e anunciados em sites de leilão.

Marcelo Costa Câmara com expressão séria
Marcelo Costa Câmara era assessor de Bolsonaro – Reprodução/LinkedIn

Marcelo Costa Câmara é coronel do Exército, foi assessor especial do gabinete de Bolsonaro e permaneceu como auxiliar do político do PL após o fim do governo. Um relatório parcial da polícia aponta que o militar teve participação direta na “operação resgate”.

Esse foi o nome dado pela PF à movimentação para recuperar os presentes negociados ilegalmente e devolver os acessórios ao patrimônio público depois de uma ordem do Tribunal de Contas da União (TCU).

Câmara integrou a lista dos investigados que seriam ouvidos pela Polícia Federal na quinta-feira (31), mas optou por ficar em silêncio.

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