PF de Moro quer fazer Sergio Cabral delatar filho de Lula

Atualizado em 18 de dezembro de 2019 às 23:49
Sérgio Cabral. Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil

Publicado originalmente no GGN:

Um dia depois de a imprensa noticiar que o TRF-4 colocou em dúvida a jurisdição da Lava Jato em Curitiba sob o caso Gamecorp, a Folha de S. Paulo afirma que a Polícia Federal espera que Sergio Cabral vire delator de Lulinha.

De acordo com o jornal, o termo de delação premiada que a PF enviou ao Supremo Tribunal Federal para análise do ministro Edson Fachin contém denúncias ligadas a pessoas com foro, como Aécio Neves (PSDB).

Mas Cabral ainda seria capaz de delatar pessoas sem foro, que seria o caso de Lulinha.

Há 2 anos, a Folha vem colocando em dúvida a legitimidade de negócios da Oi com o governo do Rio de Janeiro durante a gestão Cabral. Uma das subcontratadas da empresa para realizar um serviço de disparo de mensagens de celular seria o Grupo Gol, do empresário Jonas Suassuna, sócio de Lulinha no Gamecorp.

A Lava Jato em Curitiba alega, ainda sem provas, que a Oi contratava serviços ligados a Lulinha em troca de supostas medidas tomadas por Lula durante sua passagem pela Presidência.

Essa narrativa da Lava Jato não é exatamente original: já foi investigada em São Paulo e Brasília, a partir de 2008, e acabou arquivada por falta de provas em 2012.

O caso da Oi com o Grupo Gol também foi alvo de investigações do TCE (Tribunal de Contas do Estado), que teria apontado “pagamentos indevidos vinculados a serviços de responsabilidade da firma” de Suassuna. “Os auditores, contudo, eximiram a Oi de culpa, responsabilizando gestores pelas falhas no contrato.”

A defesa de Lulinha afirma que “as vidas de Fábio e de suas empresas já foram devassadas por anos a fio e nada de irregular foi apurado” e que a investigação em andamento é “um amontoado de suspeitas e insinuações sem nenhuma acusação concreta”.

Cabral tem motivos para fechar um acordo de delação em busca de benefícios jurídicos: ele está preso desde 2016, já foi condenado em 12 ações penais a quase 268 anos de prisão e responde a 31 processos criminais derivados da Lava Jato.