
A Polícia Federal (PF) informou nesta terça-feira (29) que a prisão da deputada Carla Zambelli (PL-SP), em Roma, foi possível graças ao monitoramento realizado por agentes destacados na Europa e à movimentação de parentes e brasileiros que a visitaram no apartamento onde estava escondida. A localização da parlamentar foi confirmada no bairro de Aurélio, em um prédio residencial da capital italiana, após ela ter passado por outros endereços desde sua chegada ao país, com informações do G1.
De acordo com a PF, a versão apresentada pela defesa de Zambelli — de que ela teria se entregado espontaneamente — não corresponde aos fatos. A corporação afirma que a prisão foi resultado direto da ação coordenada com autoridades italianas, a partir de informações precisas repassadas por seus agentes. A deputada foi encontrada sem resistência e estava tranquila no momento da abordagem.
Zambelli foi levada à Divisão de Capturas do Setor de Cooperação Internacional da polícia italiana, ligada ao Ministério do Interior e à Interpol. No local, documentos foram apreendidos e ela teve permissão para telefonar a seu advogado. A ordem de prisão foi expedida com base na difusão vermelha da Interpol, emitida após mandado do Supremo Tribunal Federal (STF).

O deputado italiano Angelo Bonelli, do partido Europa Verde, afirmou em suas redes sociais que foi ele quem informou à polícia o endereço exato de Zambelli. A confirmação da presença da brasileira no local foi feita cerca de duas horas e meia após ele repassar os dados às autoridades italianas. Ele afirmou ainda que ninguém na Itália está acima da lei, em resposta à deputada, que havia alegado que sua cidadania italiana a tornaria “intocável”.
Zambelli foi condenada em 14 de maio pelo STF por envolvimento na invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e por falsidade ideológica. A bolsonarista teria orientado o hacker Walter Delgatti Neto a inserir documentos falsos no sistema, incluindo um falso mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes,. A parlamentar fugiu do Brasil pela fronteira com a Argentina antes da condenação transitar em julgado e foi incluída na lista de procurados da Interpol em junho.
Além da condenação, Zambelli responde a dois inquéritos sigilosos no Supremo: o das fake news e o das milícias digitais. Ambos investigam sua suposta participação em articulações golpistas após as eleições de 2022. A prisão em território italiano abriu caminho para o pedido de extradição, e a expectativa do governo brasileiro é que a tramitação seja acelerada.