Um print encontrado no celular de Domingos Brazão é considerado pela Polícia Federal (PF) e pela Procuradoria-Geral da República (PGR) como a principal evidência de que a motivação por trás do assassinato de Marielle Franco estava relacionada à grilagem de terras, conforme informações da colunista Malu Gaspar, do Globo.
Além da imagem capturada no dispositivo do conselheiro do TCE, uma série de escrituras convenceu a PF de que os irmãos Brazão estavam fortemente interessados em uma área que seria valorizada com uma lei aprovada na Câmara de Vereadores, contra a qual Marielle trabalhou antes de ser morta.
O registro mostra Domingos fotografando uma escritura de propriedade em nome da administradora de imóveis Superplan, da qual ele e sua esposa, Alice Kroff, são sócios.
A Superplan detém, entre outros imóveis, dois terrenos com mais de 20 mil metros quadrados na Zona Oeste do Rio, que se beneficiariam da aprovação da lei que flexibilizava normas ambientais e urbanísticas, facilitando a regularização de construções ilegais e até mesmo áreas griladas sem edificações.
Apesar de a PF já saber que Brazão era sócio da Superplan, a foto e os documentos reforçaram a ideia de que a empresa era central nos negócios imobiliários dos irmãos na Zona Oeste.
Uma das escrituras foi registrada em 14 de maio de 2018 – quase seis meses após a aprovação da lei na Câmara e dois meses após a morte de Marielle. Vale destacar que os documentos apresentam indícios de grilagem.
Um desses indícios é que os terrenos foram adquiridos de pessoas de baixa renda que se tornaram proprietárias por usucapião. Outro é que um dos terrenos pertencia a um conhecido grileiro de terras da Zona Oeste, o italiano Pasquale Mauro, falecido em 2016.
Além disso, o terreno, comprado por 110 mil reais na escritura, foi avaliado pela Prefeitura do Rio em 7 milhões de reais no momento do cálculo do imposto de transmissão de bens imóveis (ITBI) a ser cobrado na transação.
Para os investigadores, a descoberta desses documentos fortaleceu a denúncia da PGR e ajudou a corroborar a delação de Ronnie Lessa, assassino confesso de Marielle e do motorista Anderson Gomes.