
A Polícia Federal intensificou as investigações sobre a gestão do general Walter Braga Netto, ex-ministro-chefe da Casa Civil de Bolsonaro (PL), no Gabinete de Intervenção Federal no Rio de Janeiro (GIF), abrindo novas frentes de apuração. Segundo a Folha de S.Paulo, a suspeita recai sobre a atuação de militares da reserva na intermediação de contratações milionárias.
De acordo com informações coletadas pela PF, os contratos sob análise ultrapassam a compra de coletes balísticos, investigada pela operação Perfídia, e englobam contratações que somam R$ 1,2 bilhão. Entre elas, destaca-se a compra de 16 blindados no valor de R$ 17,5 milhões que, segundo os investigadores, não foram utilizados pela intervenção e permaneceram sob posse do Exército.
Os desdobramentos da investigação exercem pressão sobre a possível candidatura de Braga Netto à Prefeitura do Rio pelo PL e apontam para possíveis desvios envolvendo militares, enquanto o governo Lula (PT) considera a reintegração das Forças Armadas na segurança do estado.

Braga Netto, por sua vez, afirmou que os contratos seguiram todos os trâmites legais. Nomeado interventor por Michel Temer (MDB), ele posteriormente tornou-se ministro do governo Bolsonaro e vice na chapa do ex-presidente.
A PF investiga possíveis desvios de finalidade na contratação dos blindados, considerando que os recursos tinham como objetivo principal melhorar a segurança no Rio, e não equipar as Forças Armadas. Paralelamente, a atuação de empresas ligadas a militares da reserva na intermediação dos negócios também está sob análise.
Paulo Assis e Robson Queiroz, ambos da reserva, tiveram seus sigilos quebrados devido a suspeitas de participação nos contratos do GIF e em outras áreas. Segundo a PF, o general Paulo Assis vendeu influência sobre Bolsonaro, o vice Hamilton Mourão e Braga Netto para tentar destravar a contratação milionária de coletes
Já Robson Queiroz, que foi subordinado por mais de dois anos ao bolsonarista, recebeu R$ 25 mil da empresa investigada sob suspeita de corrupção na compra dos coletes pela intervenção no Rio.
A PF alega que Assis tentou influenciar Bolsonaro, o vice Hamilton Mourão e Braga Netto para facilitar a contratação de coletes. O TCU analisou as compras da intervenção federal, apontando que os blindados serviram para equipar o Exército, mas não para o uso diário das polícias do Rio.
Tanto o ex-ministro quanto o Exército defenderam a legalidade das contratações e aprovaram a conduta durante a intervenção. O caso permanece em investigação para apurar possíveis irregularidades e desvios de verba pública.