PF investiga governador do Acre por lavagem de dinheiro com carros de luxo, aviões e imóveis

Atualizado em 9 de março de 2023 às 21:56
Governador do Acre, Gladson Cameli. Foto: Reprodução

A Polícia Federal (PF) encontrou, durante investigação da 3ª fase da operação Ptolomeu, indícios de que o governador do Acre, Gladson Cameli (PP), aproveitou-se de transações envolvendo a compra de veículos de luxo, imóveis, aeronaves e operações em dinheiro e cartão de crédito para lavar dinheiro proveniente de corrupção. Com informações da Folha de S.Paulo.

Segundo o órgão, as investigações indicam a existência de uma “organização criminosa, controlada por agentes políticos e empresários ligados ao Poder Executivo estadual acreano, que atuavam no desvio de recursos públicos, bem como na realização de atos de ocultação da origem e destino dos valores subtraídos, através da lavagem de capitais”.

Na manhã desta quinta-feira (9), a PF iniciou o cumprimento de 89 mandados de busca e apreensão em seis estados e no Distrito Federal. A operação foi deflagrada a partir de investigações da PF, da Procuradoria-Geral da República (PGR), da Receita Federal e da Controladoria-Geral da União (CGU).

Um dos alvos da operação, Cameli teve uma ordem para entrega do passaporte e sequestro de bens expedida pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). A pedido da PF, foi autorizado o sequestro de R$ 120 milhões em bens dos investigados.

Do governador são alvos da medida judicial um carro blindado avaliado em R$ 200 mil, uma aeronave modelo Beech Aircraft de R$ 1,5 milhão e três imóveis – sendo um apartamento de R$ 6,5 milhões em São Paulo, uma casa de R$ 7 milhões em Rio Branco e um imóvel em Brasília avaliado em R$ 600 mil.

A PF acessou os sigilos fiscais de Cameli entre os anos de 2018 e 2021. A análise dos dados indicou um aumento exponencial no patrimônio do governador e a existência de considerável diferença entre o que foi declarado e o patrimônio oculto.

Bens de luxo apreendidos pela PF na Operação Ptolomeu, no AC. Fotomontagem

Antes de ser eleito, em 2018, o valor oficialmente declarado foi de R$ 2,8 milhões. Em 2021, os dados mostram que o patrimônio real do governador era de R$ 16 milhões, um crescimento de mais de 470%.

Em relação aos carros de luxo, a PF desconfiou das transações de Cameli após o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) encaminhar uma comunicação da Bolsa de Valores sobre vários veículos cujos financiamentos estavam registrados em nome de uma mesma pessoa e com diferença substancial no preço se comparado com o praticado no mercado.

Também chamou atenção dos investigadores a forma de pagamento das faturas, com fracionamento de pagamentos e quitação feita por terceiros que indicam possível lavagem de dinheiro. As quebras de sigilo mostram que R$ 345 mil das faturas foram pagas por pessoas não identificadas e R$ 145 mil foram quitados por terceiros.

Os investigadores também analisaram a compra de aviões pelo governador e encontraram suspeitas sobre a forma de aquisição e pagamento das aeronaves.

A PF também aponta como suspeita de lavagem de dinheiro a “inexplicável predileção” do governador por transações com dinheiro em espécie. A quebra de sigilo de suas contas revela 375 depósitos em suas contas que somam R$ 2,3 milhões desde 2018.

A investigação mostrou que a maioria dos repasses tem origem em servidores do estado do Acre, familiares de Cameli e em empresas nas quais ele tem participação. Do total recebido, cerca de R$ 900 mil foram depositados de forma fracionada.

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