PF investiga mediação de general amigo de Villas Bôas na compra do software espião do Exército

Atualizado em 14 de janeiro de 2024 às 19:48
Luiz Roberto Peret. Foto: Reprodução

Um companheiro e colega de turma do general Eduardo Villas Bôas na Academia Militar das Agulhas Negras foi envolvido na investigação da Polícia Federal (PF) relacionada ao esquema clandestino de espionagem que supostamente foi montado na Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.

O general Luiz Roberto Peret foi apontado como intermediário na venda de sistemas de inteligência ao Exército durante o comando de Villas Bôas na instituição. Um dos softwares em questão é o First Mile, que, segundo relatos, teria sido utilizado pela Abin para monitorar ilegalmente autoridades e jornalistas.

A citação de Luiz Roberto Peret surgiu durante o depoimento prestado por Caio Cesar dos Santos Cruz, filho do general Santos Cruz, à Polícia Federal.

O filho de Santos Cruz atuou como representante da empresa de tecnologia Verint Systems e relatou que Peret também foi contratado pela companhia, com a atribuição de “auxiliar nas negociações técnicas e comerciais de alto nível”, atuando nas tratativas com altos escalões. Ele afirmou à PF que se trata de uma pessoa honesta.

General Villas Bôas e Bolsonaro. Foto: Reprodução

A empresa fechou um contrato de US$ 10,8 milhões com o Exército, sem passar por licitação, em outubro de 2018, no contexto da intervenção federal na Segurança Pública do Rio de Janeiro durante o governo Michel Temer. O software já estava sendo utilizado na preparação de grandes eventos, como as Olimpíadas, e teria sido “recomprado” pelos militares, conforme mencionado no depoimento.

Caio Santos Cruz foi alvo de buscas na Operação Última Milha, deflagrada em outubro pela Polícia Federal, que visa aprofundar a investigação sobre a Abin. Durante a operação, documentos foram vasculhados e apreendidos na sede da agência.

A operação descrita pelo filho de Santos Cruz no depoimento assemelha-se ao que está sendo apurado pela PF na Operação Perfídia, que investiga a aquisição de coletes balísticos e carros blindados pelo gabinete da intervenção na Segurança do Rio.

Peret, general reformado do Exército, passou para a reserva em 2007 e atualmente é proprietário de uma empresa de consultoria chamada Peret Consultoria, em parceria com o coronel da reserva Helcio Bruno de Almeida, que foi indiciado na CPI da Covid.

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