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PF investiga se Abin espionou opositores de Bolsonaro com software israelense

Agentes da Polícia Federal. (Foto: Reprodução)

A Polícia Federal está conduzindo uma investigação relacionada ao possível monitoramento realizado pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) a várias figuras proeminentes, incluindo o ex-deputado federal Jean Wyllys, um servidor do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e caminhoneiros.

Há suspeitas de que esse monitoramento também tenha ocorrido durante as eleições municipais e em áreas próximas ao Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDFT), bem como em regiões nobres de Brasília e do Rio de Janeiro.

O escândalo veio à tona em março deste ano, após a revelação de que a Abin utilizou um software de origem israelense chamado “First Mile” para monitorar, sem autorização judicial, os movimentos de até 10 mil pessoas por ano.

O sistema permitia rastrear a localização com base na conexão de rede de dispositivos móveis, bastando inserir um número de contato telefônico no programa. Este programa era operado sem qualquer controle formal de acesso pela equipe de operações da agência de inteligência, levantando sérias preocupações sobre a privacidade dos cidadãos.

A investigação da PF analisou cerca de 1.800 acessos feitos pela Abin no sistema e descobriu que um dos contatos relacionados a Jean Wyllys foi monitorado. O ex-deputado tomou a decisão de residir no exterior após receber ameaças no Brasil devido à sua oposição pública ao clã Bolsonaro. Essas ameaças resultaram em disputas judiciais com os filhos do ex-presidente Bolsonaro.

Além disso, a corporação também está investigando o suposto monitoramento de um celular pertencente a um servidor do TSE que atuava na área de tecnologia, encarregada, entre outras coisas, da manutenção das urnas eletrônicas no país.

Ligação com Bolsonaro

Durante seu mandato, Jair Bolsonaro criticou repetidamente o sistema eleitoral sem apresentar provas concretas e tentou aprovar uma proposta de voto impresso nas eleições, que foi rejeitada pelo Congresso.

O ex-presidente Jair Bolsonaro. (Foto: Reprodução)

Um aspecto notável da investigação é o aumento significativo de monitoramentos realizados pelo sistema “First Mile” durante as eleições municipais de 2020. Isso coincide com o período em que prefeitos e vereadores foram eleitos em todo o país. O uso do sistema também teria se intensificado durante o governo do ex-capitão.

O uso do software

O método de “cercamento” usado pela Abin também foi identificado, permitindo a criação de zonas de vigilância para monitorar alvos específicos. A PF descobriu que isso ocorreu próximo ao Tribunal de Justiça do Distrito Federal, e embora os motivos não sejam claros, suspeita-se que advogados e juízes possam ter sido monitorados.

Outras áreas que chamaram a atenção da PF incluem casas em bairros nobres de Brasília, cujas vigilâncias não estão devidamente registradas. No Rio de Janeiro, a Abin rastreou pessoas em bairros da zona sul sob o pretexto de combate ao tráfico.

A investigação também aponta para possíveis conexões da empresa fornecedora do “First Mile” com o Exército, bem como preocupações sobre a exploração de vulnerabilidades na rede de telefonia.

No desdobramento dessa investigação, a Polícia Federal já cumpriu 25 mandados de busca e apreensão e deteve dois ex-agentes da Abin no âmbito da operação “Última Milha” – outros 20 suspeitos estão sob investigação. A agência de inteligência também está colaborando com as autoridades, incluindo o Supremo Tribunal Federal (STF) e a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), para resolver essa questão.

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Victor Nunes

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