PF irá oferecer acordo de delação premiada a Silvinei Vasques

Atualizado em 9 de agosto de 2023 às 19:58
Silvinei Vasques prestando depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos atos golpistas. Foto: Wilton Junior

A Polícia Federal (PF) irá oferecer um acordo de delação premiada a Silvinei Vasques, preso preventivamente na manhã desta quarta-feira (9) por suposta interferência nas eleições de 2022. O ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF) vai prestar depoimento na quinta-feira (10). Com informações da colunista Roseann Kennedy, do Estadão.

Durante o segundo turno, no dia 30 de outubro do ano passado, a PRF realizou blitze que interferiram na movimentação de eleitores, principalmente no Nordeste, região onde o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) havia ganhado no primeiro turno.

Na época, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a suspensão imediata das blitze. A ordem, no então, foi desrespeitada pela PRF.

O objetivo principal da PF é ter detalhes das reuniões às vésperas das eleições entre Silvinei, seu entorno e Anderson Torres, ex-ministro da Justiça no governo de Jair Bolsonaro (PL).

Blitze da Polícia Rodoviária Federal (PRF). Foto: Reprodução

A corporação ainda quer apurar se um auxiliar do ex-presidente estava diretamente envolvido em uma suposta tentativa de frear votos que poderiam ser conferidos ao petista.

No dia 19 de outubro, Anderson Torres recebeu em seu gabinete Silvinei e mais dois delegados investigados: Marília Alencar e Luís Carlos Reischak. Pouco antes, a cúpula da PRF havia se reunido em Brasília para votar uma resolução sobre a prática de educação física.

“Muito embora ainda não se possa afirmar categoricamente o que foi tratado na reunião, chama a atenção o fato da coincidência de se tratar da mesma data da reunião do Conselho Superior da PRF”, afirmou o delegado Flávio Vieitez Reis, no despacho entregue a Moraes, em que pediu a prisão de Silvinei.

Um dia antes dessa reunião, Torres recebeu Marília, que à época era diretora de inteligência no Ministério da Justiça. Durante o encontro, a delegada enviou a seguinte mensagem ao marido: “Cara, eu tô em reunião séria do Excel no GAB”.

Para a PF, “Excel” é a planilha com os dados de cidades mais “lulistas”, onde seriam realizadas as operações; e “GAB” é o gabinete de Torres.

A hipótese da PF é que, no dia 18, a ex-diretora fez uma primeira apresentação ao então ministro da Justiça com a planilha das cidades que destinaram mais de 75% dos votos a Lula no primeiro turno. No dia seguinte, a reunião teria sido ampliada com Silvinei Vasques, e eventualmente tratou do bloqueio nas estradas.

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