PF liga plano de golpe e “Abin paralela” ao indiciar Bolsonaro; entenda

Atualizado em 22 de novembro de 2024 às 11:15
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Fachada da entrada da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), no Setor Policial Sul, em Brasília. Foto: Pedro Ladeira

A Polícia Federal (PF) apontou no relatório final, que indiciou Jair Bolsonaro (PL) e outros 36 aliados, uma ligação direta entre as pessoas envolvidas na tentativa de golpe de Estado e o caso conhecido como “Abin paralela”, conforme informações da Folha de S.Paulo.

A estrutura, vinculada à Agência Brasileira de Inteligência, é alvo da Operação Última Milha e envolve ao menos quatro dos indiciados pela PF na trama que incluía um plano para o assassinato do presidente Lula (PT), Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Entre os envolvidos estão o ex-diretor da Abin e deputado Alexandre Ramagem (PL), o general da reserva Augusto Heleno, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), o policial federal Marcelo Bormevet e o subtenente do Exército Giancarlo Gomes Rodrigues.

No inquérito sobre o golpe, a PF destacou que “as investigações apontaram que os investigados se estruturaram por meio de divisão de tarefas, o que permitiu a individualização das condutas” e revelou a existência de diferentes núcleos operacionais.

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Ramagem e Augusto Heleno: eles foram indiciados pela PF na apuração sobre a trama golpista. Foto: reprodução

Além do núcleo de inteligência paralela, foram identificados outros cinco núcleos: desinformação e ataques ao sistema eleitoral, incitação de militares ao golpe, jurídico, operacional de apoio às ações golpistas e operacional de medidas coercitivas.

Dos 37 indiciados, 25 são militares, que enfrentam acusações de crimes como abolição violenta do Estado democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa.

Ramagem é investigado por suspeita de liderar a “Abin paralela” durante seu mandato como diretor da agência. No final de outubro, ele foi incluído no inquérito por supostamente participar dos preparativos para a tentativa de golpe.

Já o subtenente Giancarlo Rodrigues, também ligado ao caso da “Abin paralela,” foi intimado para prestar depoimento à PF no dia 5 de novembro. Durante sua oitiva na Bahia, negou qualquer conhecimento sobre um plano de golpe.

As investigações revelaram que tanto o policial Marcelo Bormevet quanto Giancarlo estavam em “completo desvio da finalidade institucional da Abin.” A PF também interceptou mensagens trocadas entre investigados no final de 2022, onde discutiam o “decreto de intervenção” para o “rompimento democrático.”

De acordo com os documentos, Bormevet questiona: “O Nosso PR imbrochável já assinou a porra do decreto?” Giancarlo Rodrigues teria respondido: “Assinou nada. Tá foda essa espera.” Essas mensagens reforçam as evidências da participação dos investigados na tentativa de golpe, conforme detalhado no relatório da PF.