
A Polícia Federal (PF) intensificou a investigação sobre a fuga do deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ) para os Estados Unidos depois de apreender o celular e o computador de sua mulher, Rebeca Ramagem, no momento em que ela deixava o Brasil pelo aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, rumo a Miami.
Os aparelhos são agora a principal fonte para reconstruir o plano de saída do país e identificar quem ajudou, financiou e continua sustentando o ex-diretor da Abin no exterior, conforme informações da colunista Malu Gaspar, do Globo.
Ramagem foi condenado a 16 anos de prisão pela trama golpista e teve sua prisão determinada pelo ministro Alexandre de Moraes na terça-feira (25). Ele fugiu ainda durante o julgamento do núcleo crucial, que também condenou o ex-presidente Jair Bolsonaro e generais de seu governo.
Ao descobrir a fuga, há três semanas, a PF passou a rastrear a rota percorrida pelo deputado: ele chegou a Roraima na noite de 9 de setembro, cruzou a fronteira com a Guiana por Bonfim e seguiu até Lethem, onde apenas um rio separa os dois países. No dia 11, embarcou para Miami usando passaporte diplomático de parlamentar.
Rebeca e as filhas viajaram posteriormente. A chegada da família aos EUA foi publicada pela própria Rebeca no Instagram, em um vídeo que teria sido gravado no último dia 17. Ela também divulgou, nesta quarta-feira, outra gravação feita dentro do avião em que relata ter sido alvo de “uma busca” da PF.
“Durante o procedimento, tivemos todas as nossas malas retiradas do voo e revistadas”, escreveu, dizendo que as filhas entraram em pânico. “O constrangimento, o medo e a covardia que vivenciamos não podem ser descritos.”
Ver essa foto no Instagram
Investigadores tentam entender dinâmica da fuga e do apoio no exterior
Com os aparelhos agora sob análise, a PF espera identificar quem deu suporte logístico para que Ramagem deixasse o Brasil e se estabelecesse na Flórida. Os investigadores apuram, entre outras questões, se houve financiamento externo e quem estaria bancando a manutenção do deputado nos Estados Unidos.
Rebeca, procuradora do Estado de Roraima, permanece vinculada ao órgão e está oficialmente de férias até sexta-feira. Segundo dados do Portal da Transparência, ela recebe remuneração mensal de R$ 46 mil.
Nas redes sociais, ela se apresenta como “advogada, delegada e procuradora”, embora não exerça mais função policial e não seja alvo de ação judicial.