
A Polícia Federal pediu ao ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorização para ampliar as investigações sobre a venda de decisões judiciais no Superior Tribunal de Justiça (STJ). O inquérito, que já revelou um esquema envolvendo empresários e lobistas, agora busca apurar o possível envolvimento de novos personagens, entre eles a filha de um ministro da corte.
A apuração tramita sob sigilo no STF. De acordo com relatório parcial, o centro das operações era a empresa Fource, de Haroldo Augusto Filho e Valdoir Slapak. Haroldo é acusado de ter “influência direta” em gabinetes do STJ e de manter uma relação próxima com a advogada Catarina Buzzi, filha do ministro Marco Buzzi.
O documento menciona que o empresário utilizava essa rede de contatos para se aproximar de autoridades e tentar interferir em processos de interesse econômico. Catarina já negou ter atuado em casos ligados à Fource ou a Haroldo no gabinete de seu pai.
O gabinete do ministro também afirmou não ter conhecimento dessas relações e que nunca proferiu decisões favoráveis à empresa. A defesa de Haroldo não se manifestou.

A PF também identificou a atuação do lobista Andreson de Oliveira Gonçalves e do advogado Roberto Zampieri, assassinado em 2023, como intermediários do esquema. O primeiro seria o responsável por operar em Brasília, aproveitando seu acesso a gabinetes e servidores do STJ para manipular prazos e minutas de decisões, enquanto o segundo articulava contatos e encaminhamentos externos.
As provas mais recentes foram obtidas a partir da nuvem do celular de Andreson. As mensagens analisadas mostram uma “rede de intermediários, operadores e servidores estratégicos” que negociavam decisões judiciais em troca de contratos milionários.
Entre os envolvidos, está o ex-servidor do STJ Márcio Toledo Pinto, demitido após ser flagrado repassando minutas de decisões da ministra Isabel Gallotti em troca de pagamentos.
Segundo a PF, um contador ligado a Andreson abriu uma empresa em nome da esposa de Márcio, que recebeu transferências de cerca de R$ 4 milhões no período em que o servidor enviava informações sigilosas ao lobista.