PF prende Milton Ribeiro e pastores ligados a Bolsonaro em operação sobre verba do MEC

Atualizado em 22 de junho de 2022 às 8:59
Ex-ministro Milton Ribeiro, preso por corrupção e tráfico de influência Foto por: Isac Nóbrega

Pastores e Milton Ribeiro, ex-ministro da educação e pastor de uma igreja presbiteriana em Santos, suspeitos de operar um balcão de negócios no Ministério da Educação e na liberação de verbas do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação) passaram nesta quarta-feira (22/06) por uma investigação da Polícia Federal. Ribeiro e ao menos um dos pastores, Gilmar Santos, já foram presos.

Os pastores gozavam de trânsito livre no governo, organizavam viagens do ministro com lideranças do FNDE e intermediavam encontros de prefeitos na própria residência de Ribeiro. Os pastores tinham em um hotel de Brasília uma espécie de QG para negociação de recursos. Ali, recebiam prefeitos, assessores municipais e também integrantes do governo.

A PF cumpre mandados de busca e apreensão em endereços de Ribeiro e dos pastores Arilton Moura e Gilmar Santos — esses dois últimos ligados ao presidente Jair Bolsonaro (PL) e apontados como lobistas que atuavam no MEC.

Segundo a PF, com base em documentos, depoimentos e um relatório da CGU (Controladoria-Geral da União) foi possível mapear indícios de crimes na liberação de verbas do fundo. Ao todo, são cumpridos 13 mandados de busca e apreensão e cinco de prisões em Goiás, São Paulo, Pará e Distrito Federal. Ainda não há confirmação se há outros tipos de mandados sendo cumpridos nesta manhã. “A investigação iniciou-se com a autorização do STF em razão do foro privilegiado de um dos investigados”, informou a PF em nota.

A ação foi batizada de Acesso Pago e investiga a prática de “tráfico de influência e corrupção para a liberação de recursos públicos” do FNDE. Os recursos são do órgão, ligado ao MEC controlado por políticos do Centrão, bloco político que dá sustentação a Bolsonaro desde que ele se viu ameaçado por uma série de pedidos de impeachment e recorreu a esse apoio em troca de cargos e repasses de verbas federais.

Os pastores são peças centrais no escândalo do balcão de negócios do ministério, eles negociavam com prefeitos a liberação de recursos federais mesmo sem ter cargo no governo. Prefeitos relataram pedidos de propina, até em ouro.

Em áudio revelado pela Folha, o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro disse que priorizava pedidos dos amigos de um dos pastores a pedido de Bolsonaro.

Na gravação, o ministro diz ainda que isso atende a uma solicitação do presidente Bolsonaro e menciona pedidos de apoio que seriam supostamente direcionados para construção de igrejas. A atuação dos pastores junto ao MEC foi revelada anteriormente pelo jornal O Estado de S. Paulo. Ribeiro deixou o cargo no fim de março, uma semana após a revelação.

O ex-ministro da Educação Milton Ribeiro foi preso preventivamente, hoje (22/06), em Santos. O mandado assinado pelo juiz federal Renato Borelli determina que o ex-ministro seja levado para a Superintendência da Polícia Federal em Brasília, e que a audiência de custódia seja realizada ainda nesta tarde.

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