PF: produtos desviados da empresa de Cariani abasteciam rede do PCC

Atualizado em 13 de dezembro de 2023 às 23:49
Renato Cariani. Foto: Reprodução

O suposto esquema de desvio de produtos químicos associado a Renato Cariani, influenciador de 47 anos com mais de sete milhões de seguidores nas redes sociais, teria alimentado uma rede internacional de tráfico de drogas liderada por membros do Primeiro Comando da Capital (PCC), conforme informações da Polícia Federal.

Segundo a investigação, Fábio Spinola Mota, identificado como membro do PCC e detido no início deste ano na Operação Downfall, seria o elo principal entre Cariani e a facção criminosa. Essa operação, realizada pelo núcleo da PF no Paraná em abril, resultou em detenções, apreensão de 5,2 toneladas de cocaína e bloqueio de bens avaliados em R$ 1 bilhão.

Mota, que permaneceu sob custódia até o mês passado, foi alvo da recente Operação Hinsberg em São Paulo, juntamente com Cariani e Roseli Dorth, sócia do influenciador na Anidrol Produtos para Laboratórios Ltda. Em Diadema. Embora a polícia tenha pedido a prisão, a Justiça a negou. Durante a busca na casa de Mota, foram encontrados R$ 100 mil em espécie, mas a defesa não foi contatada até a publicação.

A suspeita é que parte dos materiais adquiridos legalmente pela Anidrol, controlada pela PF, tenha sido desviada para a produção de cocaína e crack. Notas fiscais falsas e depósitos em nome de laranjas, usando o nome da AstraZeneca indevidamente, eram utilizados para encobrir a saída dos produtos.

Relatório da PF indica relação próxima entre Fábio Mota e Cariani. Foto: Reprodução

A investigação revelou que aproximadamente 12 toneladas de substâncias como acetona, éter etílico, ácido clorídrico, cloridrato de lidocaína, manitol e fenacetina foram desviadas. Essas substâncias são usadas na transformação da pasta base de cocaína em pó ou crack.

O delegado Fabrizio Galli, chefe da Delegacia de Repressão a Entorpecentes da PF, liderou a operação desta terça-feira. As investigações começaram após a Receita Federal identificar um depósito de R$ 212 mil, aparentemente relacionado à AstraZeneca. A empresa negou a movimentação, desencadeando as investigações.

Durante a apuração, Cariani trocou mensagens com um suposto funcionário chamado Augusto Guerra. A análise telemática revelou que Mota, amigo de Cariani, teria registrado um domínio em nome da AstraZeneca e criado um e-mail em nome desse funcionário fictício.

O delegado identificou Mota como intermediário na elaboração de documentos fraudulentos. A PF estima que o esquema possa ter gerado mais de R$ 6 milhões ao grupo. Na operação no Paraná, Mota era suspeito de lavagem de dinheiro para o PCC. A investigação abrange o período de 2016 a 2020, com previsão de novas fases.

Cariani e outros suspeitos enfrentarão acusações de tráfico equiparado, associação para fins de tráfico e lavagem de dinheiro, podendo resultar em penas superiores a 35 anos de reclusão.

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