PF tem autorização para vasculhar nuvem, e-mails e arquivos de Bolsonaro

Atualizado em 18 de julho de 2025 às 14:17
O ex-presidente Jair Bolsonaro. Foto: Divulgação

A Polícia Federal (PF) recebeu autorização do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), para acessar e analisar dados digitais relacionados ao ex-presidente Jair Bolsonaro e a um de seus filhos, o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP).

A decisão, tomada no contexto da investigação sobre uma tentativa de golpe de Estado, permite a apreensão de e-mails, mensagens, arquivos digitais e o conteúdo de dispositivos eletrônicos de qualquer natureza.

O objetivo é reunir provas para o inquérito que apura a possível atuação dos Bolsonaros para abalar o Estado Democrático de Direito. A decisão de Moraes autoriza a análise de conteúdos armazenados em servidores, computadores e serviços de nuvem, além de dispositivos físicos como discos rígidos e DVDs.

O ministro também determina que seja feito o registro e preservação dos dados obtidos durante a análise, incluindo o “código hash” dos arquivos examinados.

Entre as medidas cautelares impostas ao ex-presidente, está o uso de tornozeleira eletrônica, recolhimento domiciliar das 19h às 6h, e proibição de manter contato com embaixadores e autoridades estrangeiras.

Bolsonaro deve usar tornozeleira eletrônica. Foto: Divulgação

A PF também apontou que Jair e Eduardo Bolsonaro têm trabalhado junto a autoridades norte-americanas para tentar obter sanções contra membros do governo brasileiro, em resposta à suposta perseguição no âmbito da Ação Penal 2668. As investigações sugerem que o ex-presidente e seu filho tentaram influenciar políticas externas para proteger a imagem do governo Bolsonaro.

Em entrevista, Jair Bolsonaro afirmou que não pretende fugir do Brasil e que o dinheiro apreendido em sua casa foi declarado à Receita Federal. “Me sinto humilhado, humilhação”, declarou, referindo-se às medidas restritivas impostas. “Tenho 70 anos de idade, sou ex-presidente, zero corrupção”.

A apreensão de US$ 14 mil e R$ 8 mil, além de um pen drive encontrado no banheiro da residência de Bolsonaro, gerou grande repercussão. Apesar de negar qualquer intenção de deixar o país, Bolsonaro disse que “sair do Brasil é a coisa mais fácil”. Ele afirmou que considera as suspeitas de fuga um exagero, dada sua idade e sua condição como ex-presidente.

Eduardo Bolsonaro, por sua vez, reagiu com crítica à operação da PF, afirmando que o ministro Alexandre de Moraes “redobrou a aposta” com a determinação de novas medidas. “Recebi com tristeza, mas sem surpresa”, declarou o deputado, referindo-se à operação de busca e apreensão realizada pela PF nesta sexta-feira (18).