PF vê vingança em ação policial no AM e apura suspeita de ligações com o garimpo ilegal

Atualizado em 22 de agosto de 2023 às 8:03
Rio Abacaxis, onde comunidades da região foram palcos de um massacre durante ação da PM do AM — Foto: Reprodução/TV Globo

A Polícia Federal (PF) concluiu que a morte de oito pessoas em agosto de 2020 nas comunidades indígenas e ribeirinhas do Rio Abacaxis, no Amazonas, foi uma ação de vingança de agentes militares pelo assassinato de dois colegas de corporação. A informação foi divulgada pelo jornal O Globo.

Entre os mortos na operação da PM havia dois irmãos indígenas mundurukus sem evidências de envolvimento com o caso. A PF, além de tentar identificar os cerca de 130 policiais envolvidos na ação, apura se o ocorrido tem relação com o garimpo ilegal, que utiliza a região como rota.

Em 3 de agosto de 2020, segundo a investigação da PF, um pequeno grupo de PMs, sem farda, identificação ou mandado, voltou a uma área onde havia ocorrido uma confusão e foi recebido a tiros pela população, o que levou à morte dos dois agentes.

A Secretaria de Segurança, à época, atribuiu os assassinatos a um suposto traficante da região, conhecido como Bacurau. Após o ocorrido, “foi instalado terror na região, com abordagens violentas e suspeitas de diversas ações que culminaram em lesões corporais e morte”, aponta o relatório da PF.

Massacre do Rio Abacaxis foi operação de extermínio, afirma coletivo
Comunidade indígena do Rio Abacaxis (Foto: Cimi Regional Norte 1)

O documento também descreve torturas e ameaças a partir de depoimentos, mensagens e análises periciais. O corpo de um dos indígenas mortos foi achado decapitado. Além disso, três pessoas de uma mesma família ribeirinha tiveram os corpos jogados no rio perto de uma área indígena.

De acordo com a PF, houve uma “constante tentativa de ocultação e destruição de provas, quando verificada a amarração de pesadas pedras aos tornozelos de três vítimas para que afundassem no rio, com técnica de nós peculiares de pessoa com treinamento específico como policiais militares”.

Vale destacar que, após várias incursões na floresta, a PF concluiu que Bacurau não era “um megatraficante de drogas”, como descrito pela PM à época. Ele vivia, segundo a corporação, como “um simples pé de chinelo”, supostamente escolhido como “bode expiatório”.

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