
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi citado em 21 ocasiões na denúncia formalizada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra sete oficiais da Polícia Militar do Distrito Federal. No documento, que acusa os militares de omissão e incitação aos atos golpistas ocorridos em 8 de janeiro, aponta para uma possível conexão entre Bolsonaro e as ações dos militares.
Embora Bolsonaro não esteja entre os denunciados na Operação Incúria, que levou à prisão de coronéis da cúpula da PM de Brasília, a inclusão frequente de seu nome na denúncia sinaliza uma aproximação das investigações em direção ao ex-presidente. A peça acusatória possui 200 páginas e traz a assinatura do subprocurador-geral da República, Carlos Frederico Santos.
A denúncia expõe a influência ideológica que teria afetado a Polícia Militar do Distrito Federal. Ela aponta que os líderes da corporação teriam discutido “possíveis meios ilegais”, inclusive um cenário de golpe militar, para depor o então presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e manter Bolsonaro no poder, mesmo após a derrota nas eleições.
Um trecho da denúncia declara: “As desinformações que circulavam entre o alto oficialato da PM-DF demonstravam expectativa de mobilização popular para garantir Bolsonaro no poder, em desrespeito ao resultado das eleições presidenciais.”

A investigação conduzida pela PGR procura estabelecer se Bolsonaro teria incentivado a reação golpista por parte de seus apoiadores. Essa reação começou com bloqueios em rodovias federais após o segundo turno das eleições e culminou com a invasão aos prédios do Congresso Nacional, Palácio do Planalto e Supremo Tribunal Federal (STF) em 8 de janeiro.
Na semana passada, o ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito, solicitou um relatório abrangente das principais redes sociais, contendo todas as publicações de Bolsonaro contendo notícias falsas sobre as Forças Armadas e o sistema eleitoral. As plataformas também foram requisitadas a fornecer informações sobre a relação de extremistas, acusados de envolvimento em protestos violentos, com as redes sociais de Bolsonaro, bem como a divulgação de postagens dele com ataques ao sistema eleitoral.