
A Procuradoria-Geral da República (PGR) informou aos parlamentares que participaram da CPI do 8 de janeiro que o relatório final do órgão reforçará as investigações em andamento sobre os atos terroristas promovidos por bolsonaristas em Brasília, conforme informações da Folha de S.Paulo.
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, recebeu em seu gabinete nesta quarta-feira (6) três representantes da comissão: as senadoras Eliziane Gama (PSD-MA) e Soraya Thronicke (Podemos-MS) e o deputado federal Rogério Correia (PT-MG).
O grupo solicitou a reunião para obter informações sobre possíveis desdobramentos do documento compartilhado com o Ministério Público Federal (MPF) em outubro do ano passado. Na ocasião, a PGR estava sob o comando interino de Elizeta Ramos. Gonet assumiu o cargo em dezembro.
Segundo relatos dos participantes do encontro, o chefe do MPF destacou que o relatório não se trata de uma mera reunião de fatos isolados, mas sim de uma linha mestra que abrange uma série de eventos que culminaram no 8 de janeiro.
Ele também mencionou que as informações e provas coletadas pelos senadores e deputados federais estão sendo utilizadas pela Procuradoria em diversas frentes de investigação, com frequência e relevância.

Gonet citou partes do relatório que estão ligadas a inquéritos e outros procedimentos em curso na Procuradoria, com o objetivo de identificar os responsáveis pelos eventos golpistas na capital federal.
Por exemplo, ele mencionou a suspeita de envolvimento de membros das Forças Especiais do Exército, os “kids pretos”, na preparação dos atos antidemocráticos. Também falou sobre a reunião realizada em 5 de julho de 2022 no Palácio do Planalto, onde foi discutida uma estratégia de ataques ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e às urnas, com a presença do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros principais auxiliares.
Gonet, no entanto, não estabeleceu prazos para a apresentação de possíveis denúncias, destacando que o “tempo político” é diferente do “tempo jurídico”, que é o do Ministério Público.
Durante a reunião, o grupo parlamentar também argumentou que a Procuradoria sob Aras não tomou nenhuma providência em relação ao relatório produzido pela CPI da Covid, que recomendou o indiciamento de Bolsonaro e seus auxiliares por diversos crimes.
O procurador-geral não comentou diretamente sobre a atuação de seu antecessor, mas mencionou que o assunto Covid ainda não está completamente encerrado na Procuradoria.