O procurador-geral da República, Paulo Gonet, decidiu chamar para si a responsabilidade de analisar os casos referentes aos atos terroristas promovidos por bolsonaristas nas sedes dos Três Poderes em Brasília, no dia 8 de janeiro, segundo informações da colunista Malu Gaspar, do Globo.
Durante as gestões de Augusto Aras e a interinidade de Elizeta Ramos, o subprocurador Carlos Frederico dos Santos esteve encarregado das investigações sobre a investida de extremistas, resultando na invasão e danos à sede dos três poderes.
A concentração desses casos sob a responsabilidade de Gonet chamou a atenção de colegas, uma vez que o novo chefe da PGR não possui especialização em direito penal e optou, ao menos até o momento, por não delegar os casos para um colega.
Vale destacar que Santos renunciou ao cargo em 15 de janeiro, ainda durante a interinidade de Elizeta, três dias antes da posse de Gonet.
O subprocurador já transferiu para o gabinete do novo PGR dezenas de processos relacionados ao 8 de Janeiro, abrangendo não apenas os golpistas detidos, mas também investigações em andamento sobre a Secretaria de Segurança Pública do DF, o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e a atuação dos militares das Forças Armadas nos referidos atos.
Gonet terá a responsabilidade, por exemplo, de analisar solicitações de liberdade para os detidos e requisitar investigações complementares para aprofundar os processos em curso, podendo, eventualmente, apresentar novas acusações.
Ele já convocou colegas que o auxiliaram quando atuou como vice-procurador-geral eleitoral, representando o MPF no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), para integrarem sua equipe. A expectativa dentro do Supremo e da PGR é que Gonet passe a atuar em alinhamento com Alexandre de Moraes.
Durante sua busca por votos no Senado para confirmar sua indicação ao cargo, Gonet recebeu apelos de parlamentares bolsonaristas para auxiliar na libertação dos ainda detidos no complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília.
Segundo a Associação dos Familiares e Vítimas do 8 de Janeiro, que defende os golpistas, atualmente há 29 pessoas presas por envolvimento nos protestos antidemocráticos, sendo que 21 delas estão na Papuda.