Piloto diz que presidente do União Brasil é dono oculto de jatinhos do PCC

Atualizado em 18 de setembro de 2025 às 10:49
O presidente do União Brasil, Antônio Rueda. Foto: Reprodução

Um piloto que trabalhou na empresa Táxi Aéreo Piracicaba (TAP) afirmou em depoimento à Polícia Federal (PF) que o presidente do União Brasil, Antonio Rueda, seria dono de quatro jatos executivos usados em operações de transporte ligadas a líderes de um esquema de lavagem de dinheiro associado ao PCC (Primeiro Comando da Capital).

Mauro Caputti Mattosinho declarou que Rueda era apontado como líder de um grupo que “tinha muito dinheiro que precisava gastar” na compra de aeronaves avaliadas em milhões de dólares.

“Havia um clima de ‘boom’ de crescimento na empresa. E isso foi justificado como sendo um grupo muito forte, encabeçado pelo Rueda, que vinha com muito dinheiro que precisava gastar. Então, a aquisição de várias aeronaves foi financiada”, disse o piloto em entrevista ao ICL Notícias.

Ele também relatou ter transportado ao menos 30 vezes Mohamad Hussein Mourad, o Primo, e Roberto Augusto Leme da Silva, o Beto Louco, apontados como líderes do esquema de lavagem de dinheiro que abastecia o PCC. Ambos estão foragidos da Justiça.

O empresário Mohamad Hussein Mourad, conhecido como “Primo” ou “João”, e Roberto Augusto Leme da Silva, o “Beto Louco”. Foto: Reprodução

O piloto trabalhou na TAP entre novembro de 2023 e o início de setembro de 2025. Ele contou ainda que Rueda era mencionado dentro da empresa como “Ruedinha” e que já fazia negócios com a companhia desde antes de sua contratação.

A aeronave citada por ele é um Raytheon 390 Premier, matrícula PR-JRR, registrada na Anac em nome da Fênix Participações.

“[Rueda] é uma pessoa que já fazia negócios com a Táxi Aéreo Piracicaba desde quando eu cheguei lá como funcionário, aproximadamente dois anos atrás. Ele já era um nome que circulava como [sendo] sócio em uma aeronave de pequeno porte”, lembrou.

Aviões e empresas envolvidas

De acordo com registros da Anac, o jato Raytheon citado pelo piloto pertence à Fênix Participações, controlada pelo advogado Caio Vieira Rocha, pelo ex-senador Chiquinho Feitosa e por empresários. Vieira Rocha negou qualquer vínculo de Rueda com a aeronave.

Outros três jatos mencionados por Mattosinho — um Gulfstream G200, um Citation Excel e um CitationJet 2 — estão em nome de empresas ligadas à Bariloche Participações S/A e à Serveg Serviços.

A Bariloche é controlada por fundos de investimento do banco Genial, enquanto a Serveg, registrada em Imperatriz (MA), consta no nome de Antonia Viana Silva Soares, que afirmou desconhecer as atividades da empresa.

O piloto também relatou que Rueda teria demonstrado interesse em comprar um Gulfstream 550, avaliado em cerca de R$ 54,5 milhões, mas não soube confirmar se a negociação foi concluída.

PEC da Blindagem

Rueda preside o União Brasil, que se federou ao PP de Ciro Nogueira e hoje reúne 109 deputados e 15 senadores, formando a maior bancada da Câmara.

A atuação conjunta foi decisiva para pautar e aprovar a PEC da Blindagem — apelidada por críticos de “PEC da Bandidagem” — e para aprovar a urgência do PL da Anistia, que busca beneficiar condenados pelos atos golpistas.

A PEC estendeu o foro privilegiado a presidentes de partidos, medida inédita que alcança diretamente Rueda.

Rueda nega envolvimento

O presidente do União Brasil negou a acusação: “Repudia com veemência qualquer tentativa de vincular seu nome a pessoas investigadas ou envolvidas com a prática de algum ilícito”, afirmou em nota.

Ele também disse que “já voou em aeronaves particulares em voos fretados por ele ou como convidado”, mas garantiu que “nunca participou da compra das aeronaves”, alegando viajar majoritariamente em voos comerciais.